Aníbal Bastos
Foi-se embora a escuridão
E com ela a solidão
Que a minha alma envolvia
De novo o Sol prazenteiro,
Dissipa o nevoeiro
E de luz reveste o dia!
Como um sonho, -uma quimera -
Vejo outra Primavera,
De arco-íris vestida!
Com o traje de multicores,
De perfumadas flores,
Trazendo uma nova vida!
Oiço melodias suaves,
Musicais gorjeios de aves,
Nas árvores do meu jardim!
Outras, num volitar brincalhão,
Mais parecem que estão,
A querer dançar para mim!
Sair do vale da amargura,
Sentir voltar a ventura,
Dizer adeus à saudade!
Ver renascer a esperança,
Como um escravo que alcança,
De novo a liberdade!
Só me assombra a tristeza,
De ver a fome e pobreza,
No meu país a aumentar!
Ver o fraco nas mãos do forte,
Sofrer a maldita sorte,
De ter de comer e calar!
Mas espero que a razão,
Saia da hibernação,
Regressando à sociedade!
Tirando a máscara à mentira,
Fazendo-a arder na pira,
Abrindo a porta à verdade!
E à luz do novo Sol,
Se oiça o rouxinol,
O melro a cotovia,
Nos seus cantares matinais,
Convidando os mortais,
A saudar o novo dia!
A. Bastos (Júnior)
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