PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sábado, 4 de agosto de 2012

Rosa em chama





Jorge Morais




rosa em chama
no lume ardida
vai-se a beleza
perde-se a vida

rosácea encantada
de louca chamada
por de amarelo pintada
aqui mostrada
flor que encantas
o subconsciente marcado
que tudo confundes
te expressando
num perfume
de elixir arrebatado
que o fogo que arde
expresse amor
que o que aparenta morte
seja somente
beleza e cor


jorge morais

Tenho medo




Fátima Custódio



Tenho medo...
Amarra-me ao teu peito e não me soltes...


Tomba a tarde quente dentro da noite que se aproxima. Ardentes são os lugares para onde me levas. A lua é quase escarlate e esboça sorrisos húmidos para refrescar os silêncios estridentes impostos pelos dias desfolhados em câmara lenta...

Sinto medo vindo da rua, agora deserta e nua..
Escaldam-me as mãos geladas sempre presas ao nada...
Sinto medo desta espera prolongada entre a noite e a madrugada...

Ouso subir a corrente, rompendo os muros intransponíveis das sombras que fazem calar a noite. Ergo-me num sonho impregnado de asas de fogo. Nascem dentro dos meus olhos as palavras que os teus ouvidos guardam.
Seguro-te em lírios colhidos no jardim desenhado pelo entardecer de ontem..

Tenho medo das páginas que se rasgarão vazias, nas minhas mãos incompletas; novamente um gesto profundo de silêncio aniquila-me a vontade. A vontade de gritar e romper todas as pontes feitas num percurso de pó...

Tenho medo...
Amarra-me ao teu peito e não me soltes...

Fátima Custódio

Sou, por princípio, um poeta...




Josemir Tadeu Souza



Vagas lembranças talvez ainda insistam em fazer alarde.
Resultam de meras andanças, que vêm acopladas às veleidades,
aquelas que amalgamam-se aos que trazem a mentira inserida ao caráter.

Meu destino, é estar com as palavras...
minha sina predestinada é estar com pessoas e almas inteiras.
Minha felicidade - no estágio em que ela estiver -, deverá residir
na minha conduta, embalado por uma ilibada forma de prosseguir.
Continuar minha caminhada, sem lanhar mentes, corpos, ou o que haverá de vir.
As palavras em mim bailam, como fossem água de matar sede.
Eis minha responsabilidade, o que em mim verdadeiramente arde,
o que me livrará de todo e qualquer ato falso e covarde.
Sou um poeta, embora alguns não admitam... jamais me conceberei profeta.
Jamais de minha boca sairá uma palavra solta, boquirrota, absurda.
Sou um ser vivido, mas nunca isento de ser enganado, ludibriado,
por personalidades dúbias... por mentes frágeis, traidoras, incertas.
Sou por princípio, um poeta... um versejador... uma vida aberta.
Sou aquele que caminha pela estrada de mãos dadas à esperança.
Sou aquele que se faz fácil de ser enganado, pois não questiono.
Não inquiro... não acuso... não tenho um querer abstruso.
Não invado vidas... não abro feridas... não transgrido... não sou intruso.

Mas necessário se faz aprender a viver...
independente da idade, independente da extensão do sofrer.
Aprendi? Ainda não... tenho certeza que ainda não,
e na boa, não me interessa escolar--me, agarrar--me à má intenção.
Prefiro continuar minha caminhada.
Corpo nu, fala aberta, pensamento solto, mente arejada.
Sou poeta e ainda acredito.
Sou filho Dele, sou infinito.
Nada acabou, nada começou...
apenas preciso me acostumar com as pessoas.
Saber que umas são absolutamente coerentes, lúcidas.
Compreender que outras, são totalmente carentes, pendentes, lúdicas.

Continuo viajor, a seguir os rastros da poesia.
Continuo fiel ao amor, e a tudo o que ele vai me proporcionar um dia.
Continuo poeta, continuo cantor, continuo visionário, continuo sonhador.
Continuo sendo o que sou... continuo acreditando que meu arbítrio
veste-se de esperanças, de inspiração, sem quaisquer resquícios,
de ter sido marcado por pessoas maldosas...
continuo o mesmo... porém jamais caminharei a esmo,
hoje eu valoro o que passei, o que aprendi.
Quantos vezes segui, quantas vezes cai.
Sou o que minha imaginação puder criar pra mim.

josemir(aolongo...)

Meu Silêncio




Maria Salete Ariozi



Imaginamo-nos Sempre fortes !
Nada atrás ou em nossa frente...
Somos seres felizes que vai
Além do que sente...
Fazemos sorrir
Cantando alegremente.

Paramos vezes ou outra
Num eventual acontecimento
Que exige de nós o silêncio..
Assim perplexos percebemos
Não somos ninguém,
Além do aqui presente,
Além da vontade,
Além do querer,
Além do contente,
Alem do viver !

Sem as bênçãos
Do onipotente !

Este é o (meu ) momento ...
Este é o (meu) avesso...
Este é o Caminho (minha) busca
Tratamento interior e exterior
Para estancar as feridas,
E sarar toda dor...

Estou Dodóóóóiii !!
Me abençoe Senhor !

((Salete))Agosto-2012

Amor




Aníbal Bastos





Será o amor um nobre sentimento,
Ou o fogo do desejo! Uma paixão
Que aparece sem pedir permissão,

Sem escolher o lugar, ou o momento?

Será talvez a voz de um lamento,
Um querer que se tornou obsessão,
Hoje bendita, amanhã maldição!
Mistura de prazer e sofrimento?

Estas são perguntas que a mim faço,
Cujas respostas não consigo encontrar,
Mesmo quando no teu corpo me enlaço!

Ser que existe em todas as gentes,
Mas que ninguém o consegue conjugar,
Porque os modos são todos diferentes!

Poema



Mô Schnepfleitner





Em todas as ruas te encontro 
em todas as ruas te perco 
conheço tão bem o teu corpo 
sonhei tanto a tua figura 
que é de olhos fechados que eu ando 
a limitar a tua altura 
e bebo a água e sorvo o ar 
que te atravessou a cintura 
tanto tão perto tão real 
que o meu corpo se transfigura 
e toca o seu próprio elemento 
num corpo que já não é seu 
num rio que desapareceu 
onde um braço teu me procura 

Em todas as ruas te encontro 
em todas as ruas te perco 

Mário Cesariny

Tudo



Angela Mendes




Leite, leitura

Letras, literatura,
Tudo o que passa,
Tudo o que dura
tudo o que duramente passa
tudo que passageiramente dura

tudo, tudo, tudo

Não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura.


(Paulo Leminski)

Relógio marcado




Jorge Morais



relógio marcado
minuto parado
ponteiro fixo
medidor de tempo

prosador de horas
trovador ao segundo
objecto pequeno
num trabalhar sereno
manda no mundo
que tudo controla
tudo separa
o dia da noite
a noite do dia
ninguém repara
que de tão exíguo
consegue tudo administrar
e ai de nós 
se ele um dia parar
de corda ou pilhas
o importante 
é ele as horas dar

jorge morais

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