PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Poeminha Amoroso



Fatima Pessoa




Este é um poema de amor 
tão meigo, tão terno, tão teu... 
É uma oferenda aos teus momentos 
de luta e de brisa e de céu... 
E eu, 
quero te servir a poesia 
numa concha azul do mar 
ou numa cesta de flores do campo. 
Talvez tu possas entender o meu amor. 
Mas se isso não acontecer, 
não importa. 
Já está declarado e estampado 
nas linhas e entrelinhas 
deste pequeno poema, 
o verso; 
o tão famoso e inesperado verso que 
te deixará pasmo, surpreso, perplexo... 
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."

(Cora Coralina)

Olhos de Poeta


Carlos Menino Beija-flor



Tantas coisas acontecem
quando o rio encontra o mar
ambos se oferecem
e enriquecem meu olhar.
Tantas coisas acontecem
quando o sol diz à lua "é sua vez"
de iluminar os mortais
seguindo diariamente os rituais
do relógio que Deus fez.
Tantas coisas acontecem
numa flor que abre, num vulcão que explode
num terremoto que sacode.
Tantas coisas acontecem
quando um passarinho suga a flor
os dois se merecem nessa troca de amor.
Tantas coisas acontecem quando uma estrela cai
quando passa um cometa
quando um casulo vira borboleta
e pelo mundo ela vai.
Tudo isso merece mil versos.
É assim que aos olhos do poeta a vida passa,
contemplando as maravilhas que o universo
todos os dias nos dá de graça.


Carlos Menino Beija-flor

Uma névoa de Outono o ar raro vela




Mô Schnepfleitner




"Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]"

Fernando Pessoa

Bocage



A
níbal Bastos





Escrevia Bocage às nobres damas,
Poemas de amor e de sedução,
Usando tal fulgor de fogo e paixão
Que lhe punha o coração em chamas

Em quantas comédias e dramas,
Foi actor este poeta folgazão!
Para além de romântico por vocação,
Granjeou-lhe a musa outras famas!

Quis imitar Camões, mas - segundo disse -
Somente na desgraça o imitou! 
E morreu, sem ter morte por velhice!

-Errei! Clama, pedindo aos céus clemência,
Por ser desordenados nos costumes, abusou
Das leis impostas, pela dita decência! 

A. Bastos (Júnior)

Amizade virtual



Jose Carlos Ribeiro


A amizade virtual 
Não tem distancia
Nem fronteiras
Rosto desconhecido e imaginário
Mas com um grande coração
E que todos os dias 
Se preocupo com você
Que se confia a você
Compartilha suas descobertas
E deseja sempre o melhor para você
A noite vem até você
Para desejar uma boa noite
E dizer até manha
Muita vez na parte da manhã
É o primeiro a desejar
Um bom dia maravilhoso...

Jose Carlos Ribeiro

Lagarta





Maria Cristina



Verde, desenhada, esculpida
Como uma obra de arte.
Suas ondulações mostram vida,
O seu tamanho fragilidade.

Caiu de uma folha, já retalhada,
Uma refeição antes da “hibernação”,
Ficou desorientada a coitada,
Perdeu pelo cimento a direção.

De longe, eu observava o sofrimento
E já caminhava para lá, 
Quando de repente um menino
Sem pensar na sua dor, a esmagou.

Pude ver as suas lágrimas esverdeadas
A pintar o cimento cinzento,
E o menino olhando os seus pés
Para ver ser estavam grudentos.

Senti pena... Não da lagarta,
Senti pena do menino,
Pois ele não sabia que o escultor
Era o nosso criador.

Esse menino ainda não aprendeu
Sobre o dom supremo que é o amor,
Amor pelas pequenas coisas,
Pelos seres que Deus criou.

Esse menino jamais verá a borboleta
Que essa lagarta ia se tornar,
Quem sabe até já aprisionou outras,
Que não conseguiu antes esmagar.

Ele também é uma lagarta,
Não quero que seja esmagado pela vida,
Quero que conheça a cristo
E nunca mais faça isso!

Chris Amag

Caminhos...





Angela Mendes





Entre tantos caminhos
segui o mais suave ,
guiada pela tua mão.
Nele me perdi, seduzida,
havia muitas promessas,
encontrei uma guarida.
Manhãs de sol,
noites de luar,
dias de primavera,
outonos descoloridos,
sempre a mesma quimera.
Passaram os verões,
num inverno frio
de ti só ficou o vazio...

(Ângela Mendes, 14/06/2012).

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