PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Recomeço


Lúcinha Santos





Não me venha em pedaços,
em destroços, em pequenas
peças pra encaixar.
Não gosto de quebra cabeças, de enigmas pra me preocupar.
Não vou ficar procurando sentimentos pra
tentar te decifrar
Se me quiser esqueça tudo e
venha inteiro pra eu poder
te entender e te amar.
Ppor que por ti esvaziei gavetas
e coloquei um fim em estórias mau terminadas
Por que contigo quero um começo novo
eu e tu
numa nova estrada.

........lú

Um Sonho


Jorge Morais






assim no quadril
te ponho
e te levo
imaginação dentro
fecundando
teus pensamentos
e tu te deleitas
e tiras partido
do meu corpo
que nele
encaixas o teu
após noite
de puro prazer
nele te aconchegas
e narcotizas
exausta
cujo sonho fará
prolongar
o que antes tivestes
deixo cair
meu olhar
sobre o ombro esquerdo
e contigo adormeço
de um sonho
que não pretendo
acordar


jorge morais

Abandonada


Mô Schnepfleitner




Bem depressa sumiu-se a vaporosa
Nuvem de amores, de ilusões tão bela;
O brilho se apagou daquela estrela
Que a vida lhe tornava venturosa!

Sombras que passam, sombras cor-de-rosa
- Todas se foram num festivo bando,
Fugazes sonhos, gárrulos voando
- Resta somente um’alma tristurosa!

Coitada! o gozo lhe fugiu correndo,
Hoje ela habita a erma soledade,
Em que vive e em que aos poucos vai morrendo!

Seu rosto triste, seu olhar magoado,
Fazem lembrar em noute de saudade
A luz mortiça d’um olhar nublado.

Augusto dos Anjos

Dias de Narciso


Carlos Menino Beija-flor

Uma vez me chamaram de narcisista. Na hora fiquei triste. Depois fiquei pensando: “Sou mesmo, mas um narcisista do bem”. As pessoas não entendem a gente e gostam de julgar. Eu pratico o doce egoísmo. Tudo que quero é um monte de gente à minha volta. Se isso for egoísmo, então eu sou egoísta.


DIAS DE NARCISO


Eu prefiro ficar aqui...
refletido em meus próprios olhos
agarrado a meu próprio sonho,
mesmo que seja absurdo.
Estar mudo e surdo a tudo que é exterior.
Mergulhar nesse lago e me afogar no meu amor...
no meu amor por mim, amo ser assim.
Dizer que me amo mesmo que não o digam.
Traçar meu próprio caminho mesmo que não o sigam.
Procurei a beleza em todo canto
e encontrei dentro de mim,
por isso fiquei assim...
apaixonado, alucinado e esse amor não tem mais fim.
Dizem que sou um fraco, mas, não veem que sou tão lindo.
Falam das minhas asneiras de todo dia,
mas, não leem minha poesia .
Como querem me entender?
Fecham os olhos e alma... como podem me ver?
Mas eu vivo sorrindo, sorrindo para o meu ego
por isso sou tão cego a tudo que não é espelho.
Nesse lago eu me afago, nesse silêncio me escuto,
compreendo a essência do meu ser,
compreendendo-me sou forte,
sendo forte... eu luto.


Liberdade



Fatima Pessoa




Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

Soneto a fuga e fraqueza







Foges, insolente criança, e arregaças,
para quem quiser ver, a ferida que atas!
Tu, que foges volúvel, para o senso cegar
de tudo aquilo que mal sabes encarar!

Tentas, pois, te esconder nos acasos,
de quem te amou, e hesitou te difamar,
não (te) maldisse! – mesmo que sei teus pecados!

Lanzas e cospes na minha arte de amar,
como cadáver dissecando – fraca,
com os lábios mortos, decompondo - a faca,
usas pro exílio do que negas enfrentar!

Mate-me, pois! – já que não me afrontas,
e tão cedo, lânguida e ventosa,
em outros braços - não meus - cais fogosa!

Mikael Almeida Corrêa

Fraqueza




Daisi Oliveira de Souza



Espero-te... E sei bem que eu só que te espero...
Aqui me tens... Constante e eterna é a expectativa!
Por que hei de ser assim sempre ingênuo e sincero
por mais que experiência eu tenha, e a vida eu viva?

Chegarás... e terás uma resposta esquiva
ao que te perguntar... E eu que tanto te quero
renderei novamente a minha alma cativa,
enquanto sorrirás feliz... e eu desespero...

Há um imenso poder nessa tua humildade,
e esse teu ar de mansa ternura e meiguice
estraçalha aos teus pés toda a minha vontade...

Que fazer? Hei de sempre perdoar o que fazes...
E se choras, nem sei... Esquecendo o que disse
sou eu que enxugo o pranto e ainda proponho as pazes!


(Soneto de JG de Araujo Jorge - coletânea -
"Meus Sonetos de Amor " 1a edição1961 )

Aranha




Aníbal Bastos




Com fios da sua baba peganhenta,
Habilmente constrói a sua teia,
Para caçar quem nela se enleia;
De forma ardilosa se movimenta!

Com a sua picada peçonhenta,
Envenena a vítima que está peia,
De seguida com ela se banqueteia!
- E assim a aranha se alimenta! -

Aranhiços, aranhas de grande porte,
Podem até causar a própria morte,
A quem ao seu veneno se exponha!

Mesmo as que são menos venenosas,
São na mesma aranhas perigosas,
Porque todas elas têm peçonha!

A. Bastos (Júnior)

Sozinha a remar...


Simone Ribeiro




E eu aqui, sozinha a remar...
Lutando contra a força dessa dor que me angustia...
Por quê? Qual razão desse ato impensado de me abandonar?
Vem, volta e vamos conversar....
Deixa te mostrar como podemos ser felizes!
Apenas me ouça....
Me dê esta chance....


Vamos Brincar


Carlos Menino Beija-flor




Amor, deixe tudo pra lá, largue esses trecos.
Vamos brincar?
De boneca não... só se eu for o seu boneco.
De casinha, pode ser
porque meu sonho é morar com você.
Esconde, esconde? Não. Senão você some e eu não sei pra aonde.
Amarelinha talvez... eu fico no final esperando e lhe beijo mais uma vez.
Contar estrelas eu gosto,
mas não tem nenhuma linda igual a você, aposto.
Adivinhação?
A gente empata, porque sente
sabe o que o outro tem no coração e na mente.
Ah, gosto de pião... lembra meu mundo que gira por você.
Passar anel? Dou-lhe um com meu nome, no seu dedo quero ver.
Podemos brincar de roda
cantar cai cai balão, mas que você caia na minha mão.
Boca-de-forno, quem me tira? Você.
Me tire então, me leve.
Prefere romântica? Então vamos de “branca de neve”,
eu vou ser o príncipe encantado
que chega num cavalo enfeitado e desperta você.
Papai-mamãe também é boa, mas tem que ser escondido.
Desculpe, amor, é você quem me deixa assim... tão atrevido.
Vamos brincar de uma coisa qualquer;
para um homem e uma mulher,
qualquer uma é prazerosa
só não quero brincar de uma brincadeira chata...
que quase me mata: “ o cravo brigou com a rosa”.



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