PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

domingo, 3 de junho de 2012

Pastor




Aníbal Bastos



Certo dia um pastor fracassado,
Fez um contrato com uma alcateia:
- Que lhe manteria a barriga cheia,
Se a pastor-mor fosse elevado!

Quando lhe entregam na mão o cajado,
Trama o rebanho que o rodeia,
E de forma ardilosa planeia,
Como faltar ao acordo combinado!

Acusa os cordeiros de terem comido
Demais, e por isso findaram os pastos,
Os tais que outrora tinha prometido!

Porém, a alcateia do melhor come,
Para essa não se olham a gastos;
O rebanho no aprisco passa fome!

A. Bastos (Júnior)

Parece poesia




Keyla Cantinho Goiano




Estou com você
em todos os momentos...
da hora que eu acordo 
até na hora que deito
mas até nos sonhos, você chega
pois é aí ,que sou presenteada
com o nosso encontro...
meu corpo agradece tanto esses sonhos!
acordo sentindo o seu perfume
nos encontramos em caminhos poéticos
agora o que escrevo ,parece que se torna poesia

Keyla Alves Fernandes

ANIBAL - Prosas do Tema = VERDADE


Aníbal Bastos





Verdade feita poema,
Descrevê-la é um dilema,
De difícil resolução!
Porque a mentira é tanta
E veste um manto de santa,
Semeando a confusão!

Em cada dia que passa,
No arraial da nossa praça,
Sente-se a verdade ausente;
Onde a mentira é o recurso,
Parecendo haver um concurso,
Para ver quem melhor mente!

Artigos de opinião,
Com tanta contradição
E falta de honestidade;
São publicados dia a dia,
Mas quem lhe dá autoria,
Afirma ser a verdade!

Uma afirmação verdadeira,
É às mãos da traiçoeira,
Mentira bem orquestrada;
Relegada para um canto,
Passando a ser entretanto,
De mentira alcunhada!

Uma verdade não provada,
Só por si não vale nada,
Nem demonstra sinceridade!
Mas duas mentiras forjadas,
Se habilmente contadas,
Provam ser uma verdade!

Chamar à verdade mentira,
Há muito quem o prefira,
Quando julga conveniente!
E assim numa sociedade,
Onde a mentira é verdade,
Quem diz a verdade mente!

A. Bastos (Júnior)

Poeta de Terra e Mar




Angela Mendes






Pelo fio da palavra
Me deixo conduzir,
Metafórico dilema
De existir.
Contornada desses
Matizes mais intensos,
Flores líricas,
Rosas míticas
De sangue e carmim.

Por dentro
De mim,
Cavernas dentre cavernas,
Na lucidez de experimentar
A própria sombra,
E provar,
Sem medos,
O sabor solene
Desse vinho,
A retzina dos deuses.

Da escuridão,
Do ser lírico,
Emergir das dores,
Dos risos,
Do que sobrou dos abismos
E dos naufrágios,
Nesta dança de ser poeta,
De terra e mar.

Incerta,
Contradição de ser
A soberana dona
Das palavras vãs,
E na escravidão da mente,
Me perder,
E me encontrar,
Apenas quando vergo
O corpo, em delicado lírio,
E beijo o chão
Do palácio de um poema.

Sandra Fonseca...

Sedutora




Claudio Caldas Faria





Alva d'aurora, e em lânguida sonata
Vinhas transpondo a margem do caminho,
Branca bem como empalecido arminho,
Alvorejando em arrebol de prata.

Bendita a Santa do Carinho, inata!
E, ajoelhando à imagem do Carinho,
O roble altivo entreteceu e um ninho,
Alva d'aurora, te acolheu a mata.

Pérolas e ouro pela serrania...
No lago branco e rútilo do dia
O azul pompeava para sempre vasto.

Chegaste, o seio branco, e, tu, chegando, 
Uma pantera foi se ajoelhando, 
Rendida ao eflúvio do teu seio casto!

Augusto dos Anjos

PAULA - PROSAS DA FOTO



Paula Teixeira



Que se abram as portas do céu !...
Que estou deixando a esse mundo insano
Farei uma grande festa , 
De mortos , que não se haviam morto.


Bailarei nas nuvens
Tocarei as estrelas com os dedos, não sentir medos!
Não gravidades, nem enfermidades.


Dormirei nas plumas de anjos e arcanjos.
Pobre ilusão ; mortal ou não?
Um jardim de rosas azul
Bosques encantados de anil.

Voltar a ser criança 
Cheia de esperanças ...
Adormecer falando com Deus 
Beijar as mãos de Santos 
Chorar no colo da Santa 
Doces esperanças...



BASILINA - Prosas do tema = VERDADE




Basilina Divina Pereira





Nada importa mais que a verdade!
Estou falando do conceito universal
ou da verdade de cada um?
Porque todos nós temos uma
e é atrás dela que corremos, 
passando por vales escuros
onde tropeçamos, caímos,
e, se a meta for o degrau de cima,
levantamo-nos à procura da luz.
Sim, essa busca, que alavanca pessoas
em culturas tão distintas poderá,
quem sabe, fortalecer a ideia
do que é certo naquele momento
no contexto do nosso caminho.

Basilina Pereira

Adeus



Mô Schnepfleitner



‎(...)"Já gastamos as palavras. 
Quando agora digo: meu amor, 
já se não passa absolutamente nada. 
E no entanto, antes das palavras gastas, 
tenho a certeza 
que todas as coisas estremeciam 
só de murmurar o teu nome 
no silêncio do meu coração. 

Não temos já nada para dar. 
Dentro de ti 
não há nada que me peça água. 
O passado é inútil como um trapo. 
E já te disse: as palavras estão gastas. 

Adeus. "

Eugénio de Andrade, 
in “Poesia e Prosa”

Uma Canção Caipira




João Paulo Brasileiro




No meu mapa não há mais caminhos
Por onde ainda não passei
Somente a chuva me alegra, e às vezes
Disfarças as lágrimas que ja chorei

O meu cavalo sabe o caminho de cór
E em silencio me traz aqui
Sabe que a dor que mostram os meus olhos
Só o teu sorriso faz sumir

Deixei o sonho desviar minha estrada
E junto foi a saudade também
Prá me avisar que dentro do meu peito
Não tinha vida sem os beijos do meu bem

Doce mulher
Me de a luz desse teu olhar
Minha viola quer te mostrar o quanto
O meu peito sabe te amar

Põe mais coragem
Nas poesias desse seresteiro
Que tenta em rimas encantar a lua
Prá dizer que é tua
A vida deste violeiro

Quando as pedras machucavam meus pés
Eu caminhava com o pensamento
Esperando que depois de tantas curvas
Encontrasse paz para o meu sofrimento
Contando passos, horas e tropeços
Nem sei por quantos mundos viajei
Nem sei se tenho direito de pedir
Mate essas dores que em meu peito juntei

Doce mulher
Me de a luz desse teu olhar
Minha viola quer te mostrar o tanto
Que meu peito sabe te amar

Põe mais coragem
Nas poesias deste seresteiro
Que tenta em rimas encantar a lua
Prá dizer que é tua
Avida deste violeiro!

Sede


André Alves




Tenho sede
De abrir caminhos, descobrir novas águas
De me encher de novidades
Ah, a minha adolescência
Tudo era farto
Forças
O copo sempre cheio
As festas lotadas
O agora está mais quieto, represa outros intentos
Mais maduros
Mais sensatos
Aquieto-me
Com a tranquilidade que a sabedoria dos anos me deu
Sinto falta às vezes da resistência física
Mas desde quando o físico fica impotente
Diante da potência da maturidade?
Mastigo rapidamente as horas
O almoço corrido dá-me responsabilidades
De que o tempo é o argumento
De que o agora é de movimento
Sério
Preciso
Despacho o menino e suas artes
Tento escrever arte
Que artista é a vida
Que é bebida em goles fartos
Tenho meus prazeres
É quando uso o canudinho
Demoradamente degusto uma caipirinha
Embriago-me com o mesmo tempo que descansa
Não sou nostálgico
Entrego-me à magia da presença,
Do ontem que foi o aprendizado do dia
Liberto os minutos
Aprendo com as boas horas
O passado, preso, não anda
É um pássaro ferido
Que aos pios fracos
Me cutuca incessante
Deem-me água
Saciem-me
Agradecerei pela gentileza
Novas fontes serão desvendadas
O prazer continuará no dia que segue.

André Alves

Sinto-te melancolia...



Jose Carlos Ribeiro






Sinto-te assim
Com teu rosto bem delineado
traços marcantes pelo desejo de viver
pelos sonhos que perdeste
tornaste-te melancolia…
Transpareces ser amante da solidão
deixando trechos sentidos em teu coração
Se te chamas, melancolia…
encosta, tua alma á minha
não me fales da tua vida…
porque a sinto em cada anoitecer
em cada luar
em cada por de sol
mesmo no nevar
nesses dias frios
onde a solidão se instala e me diz baixinho
vim para ficar.
Amanha talvez,
tudo pode acontecer…
não importa onde…
o importante é que aconteça
Se o amor
verdadeiro não existe…
Se o amor, se torna um habito
então diz …
porque existo eu
que te quero viver
quero-te conhecer
Não quero ser apenas passageira,
sem desfrutar desse fruto
que foi pecado
hoje por mim e por ti desejado…
Mesmo que tenha de inventar esse amor
nas minhas poesias
nos meus sonhos e fantasias
como o pintor dá cor á vida
Eu darei o verdadeiro sentimento ao amor
saberei encontrar o segredo
esse segredo que é só nosso
a partilha do tanto querer
VIVER…

Alzira Macedo



Entre o Céu e a Terra


Daisi Oliveira de Souza

Amigos, 
O texto que vou postar, me veio com muita rapidez e clareza quando olhei para as portas, relutei em postar, mas.. como nada é por acaso...vamos lá!



Entre o céu e a terra

Sem um propósito de vida, deixamos de encontrar nosso Deus interior. Damos muito mais amor a outras pessoas do que a nós mesmos, ou não nos amamos. Que infantilidade acreditar que podemos dar aquilo que não possuímos. Por isso, observamos o desamor se proliferando pelo mundo como vírus, disfarçado de amor. O antídoto está tão perto... E, no entanto preferimos não usá-lo; claro, nos custaria caro olhar para dentro ,tentar um autoconhecimento .
Vivemos inconscientes de tudo o que realmente somos e porque estamos aqui, é tão mais fácil acreditar que vivemos por acaso, sem compromisso com nossa própria vida, com nossa evolução, viver na superficialidade. As ilusões do mundo nos afastaram da nossa santidade,preferimos viver a beira da insanidade.
A descoberta do Eu, gera medo, porque temos ainda uma consciência que não mente e sabemos exatamente o que somos ou melhor no que nos tornamos. É difícil mesmo se confrontar com nossas vaidades, sentimentos mesquinhos que alimentamos com tanto carinho com medo de mudar, sim medo porque a mudança traz transformação e com ela muitas vezes solidão, pois ser diferente da maioria por vezes causa uma certa histeria exterior.
A rejeição inicial faz parte do processo de evolução, contudo outros se aproximarão identificados com as qualidades deste novo ser,com a energia emanada. Estes se reconhecem, procuram uns aos outros energeticamente, porque querem falar a mesma linguagem, estar na mesma vibração. A vida é uma troca, tem que dar para receber; um eterno largar, sempre para cada escolha existe um abrir mão de ... Liberamos o velho para a chegada do novo.
Quando nos esforçamos como um explorador viajando em nosso interior, alimentando nossa mente com informações que nos causam serenidade se manifesta um misterioso processo criativo, inesperado, transformador que nos faz ter um olhar multidimensional para as paisagens da vida; nos sentimos mais calmos,receptivos,incluídos, adquirimos a mestria de governar nossos atos e pensamentos,deixamos de ser influenciáveis para sermos conscientes de nossas escolhas e pacientes conosco,respeitando o ritmo da vida.
Precisamos com urgência entender que estamos divididos entre o céu e a terra,somos filhos da matéria, sustentados por uma essência espiritual.
E quando isso acontecer, aí sim poderemos dar o nosso amor, nosso melhor abraço, melhor carinho a qualquer ser vivo deste planeta, pois estaremos definitivamente preenchidos com o amor divino e nos amando como deve ser. Neste momento pouco importa se teremos o retorno naquele mesmo instante, porque sabemos que colheremos exatamente aquilo que plantamos.

(Texto de Daisi Oliveira de Souza )
Curitiba 01 de junho de 2012

SALETE - Prosa do Tema = VERDADE


Maria Salete Ariozi
Ilusão



No seu silêncio me atordoou
Entre a sombra e a Escuridão
Num desolador lamento
Vivo de ilusão
Sou falha !

Dilacerando meu coração
Permaneço em lentidão
Faço morno o sentimento
Nem frio nem muito quente
Crio atalhos !

Horas vazias me arrebatam
Fervilha incerta no meu peito
Na direção do vento jogo
Todo seu encantamento
Fico Triste !

Nada mais é permitido
Para enganar meu coração
Verdadeiras são as mentiras
Falsas minhas Verdades 
Ilusão !

((Salete))- Jun / 2012

SALETE - PROSAS DA FOTO - ÊXTASE


Maria Salete Ariozi
Êxtase



Neste seu Paraíso me entrego

Aos carinhos mansos encantados
Na luz do romantismo que impera
Pede no desejo a entrega.



Encontro no seu abraço um amasso
Travesseiros esquecidos no espaço
Perdidos aos lençóis amassados
É o amor que espera.



Horas perdidas ganhando vida
Aos delírios que nos invade
No arrepio da pele que pede
A explosão, êxtase desejado.



((Salete)) – Jun / 2012

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