PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

JOSÉ CARLOS - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Jose Carlos Ribeiro
O sofrimento de sua indiferença

Quando eu cruzo o seu caminho
Nos corredores,
Meu coração para.
O espaço de um segundo
Eu acho que eu estou morto,
Morto de tristeza.

Seus olhos são tão indiferentes a mim
São como lanças chamas
Que me queima por dentro.
Quando eu vejo seu rosto

Eu tenho apenas um desejo:
Morrer para não mais sofrer.
Eu te amo até o infinito
Para sempre e para sempre

J.C.

SALETE - Prosas do tema = INDIFERENÇA


Maria Salete Ariozi
Desilusão


No dia em que passares
sem que eu me vire para te olhar,
é motivo para pensares,
que deixei de te amar.


É que o olhar indiferente
dói mais que uma bofetada;
é desprezo de um ser ausente,
é não sentir absolutamente mais nada.

E se mais nada sinto,
pensa bem no que passou,
não era amor, não minto,
a paixão que nos enlaçou.

Tu feriste, espezinhaste,
com tamanha dimensão,
que contigo levaste
o meu triste coração
.

Neste momento ficou vazio
das emoções que senti,
ficou duro, só e frio,
sem nada do que vivi.

E se o que vivi é nada,
nada agora e para sempre,
é porque para a alma despedaçada,
tornou-se tudo indiferente.

E se um dia te atreveres
a bater de novo à porta,
crê: é melhor esqueceres,
o amor nunca existiu
e a saudade é ela morta,
porque o nosso amor ruiu.


LUSO POEMAS- GILCELIA

SALETE - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Maria Salete Ariozi
Já não me importo

Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei

Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,

Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,

Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.

E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.

------ Fernando Pessoa

SALETE - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Maria Salete Ariozi
Abandonada

Bem depressa sumiu-se a vaporosa
Nuvem de amores, de ilusões tão bela;
O brilho se apagou daquela estrela
Que a vida lhe tornava venturosa!

Sombras que passam, sombras cor-de-rosa
- Todas se foram num festivo bando,
Fugazes sonhos, gárrulos voando
- Resta somente um’alma tristurosa!

Coitada! o gozo lhe fugiu correndo,
Hoje ela habita a erma soledade,
Em que vive e em que aos poucos vai morrendo!

Seu rosto triste, seu olhar magoado,
Fazem lembrar em noute de saudade
A luz mortiça d’um olhar nublado.

Augusto dos Anjos

ANGELA - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Angela Mendes
Sou nada..


Num vulto,um rosto...

Sulcos profundos

marcas de grande desgosto,

mágoa e desilusão.

Nenhum sentimento mais

apenas indiferença...

Entre agruras

bebi o cálice da amargura

Sou nada em teu viver

preciso juntar pedaços

para recompor outro ser.


(Ângela Mendes)

LIGIA = Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Ligia Shlochmann
INDIFERENÇA


INDIFERENÇA, ACHO QUE
SOU A INDIFERENÇA DA MINHA
EXISTÊNCIA, DA MINHA SORTE
DO MEU DESTINO, DO MEUS AMORES
DOS MEUS DISSABORES.


SEM LUGAR PARA COLOCAR
A DIFERENÇA, TROUXE A
INDIFERENÇA DENTRO DO PENSAR
DO MANIFESTAR, DO AMAR
DO ENFEITIÇAR E QUESTIONAR.


O QUE PENSO DA INDIFERENÇA
PENSO NELA, CRUEL, ATREVIDA,
DESMESURADA, ABOBADA,
SEM EIXO, SEM MOTIVAÇÃO
O QUE É MESMO INDIFERENÇA?


A INDIFERENÇA É NADA....
ME PERGUNTE O QUÊ É NADA
NA FILOSOFIA HEIDEGGERIANA
É SUA FINITUDE DIANTE
DE SER-PARA-A-MORTE E DE NÃO-SER


TÃO FINITOS SOMOS
QUE INCAPAZES DE
DIANTE DO NADA, TOMAR DECISÕES
E TER VONTADES PRÓPRIAS,
NADA SOU DIANTE DO NADA

'TÃO PROFUNDAMENTE A FINITIZAÇÃO
ESCAVA AS RAÍZES DO SER, A MAIS
GENUÍNA E PROFUNDA FINITUDE
ESCAPA À NOSSA LIBERDADE.' 

(MH)Martin Heidegge

CLAUDIO - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Claudio Caldas Faria



Passava assim sem pedir licença
Parece, realmente, que não me vê
Achando que a sua indiferença
Poderia apenas me enlouquecer.

O dia infindável
Transcorria ao meu redor
Em fluxo inexorável,
Direto, imutável
Mas tudo poderia terminar pior.

Pedi um dia que minha boca beijasse
E lhe vi hábil e sutilmente afastar-se
O que me pareceu lhe dar prazer
Mas não sou uma mulher da vida
Que tu esbarras em qualquer avenida
Tendo o belo corpo sempre a vender
Estou bem acima e além deste suster.
Sou o que costumam chamar os franceses:
“L’heure de bleu”.

Só quis lhe dar de mim um pouco
E você reagiu como um louco
A algo que vem desde nascença
Nem olhar me olhou – fizestes pouco –
Doeu-me sua total malquerença.

Podes usar desta indiferença
Até mesmo a sua exaustão
Pensa ser fácil fugir do demo
Para a “Terra da Promissão” ?

Passava uma dúvida em minha mente
Tu que és tão humano –não diferente-
Como pode manter-se indiferente
Diante da certeza da morte iminente?
Até que lhe entreguei o calafrio
De sentir-se enterrado até o pescoço
Sob o cimento molhado e frio.

Cavalgo assim sobre a noite
Usando o esquecimento como açoite
Movo planetas, inferno e até mesmo o céu.
Apresento-me a você – Boa Noite!-
Sou a Morte montada em meu negro corcel.
Só aí me reconheces então
De joelhos me suplicas perdão
Mas tarde é, beba seu cálice de fel;
A Dama da Noite não se trata com indiferença
Nem ontem, nem amanhã, nem agora.
Está aqui e eu lerei a tua sentença:
“Pobre resto humano, chegou a tua hora!”

Claudio Caldas Faria


DAISI - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Daisi Oliveira de Souza
Indiferença



Quem de nós não foi indiferente um dia,
Trazendo consigo a agonia
Cientes da dor que causaria?
Sádicos disfarçados em querubins.
Expelindo sentimentos ruins.

A indiferença é um veneno
Na sua agressiva lentidão,
Destrói por completo um coração.
Sábio é aquele que usa a indiferença
Para as coisas tolas do mundo.

O pai da psicanálise acreditou
Que a indiferença é o oposto do amor;
Na minha modesta visão feminina
Preciso discordar, não soube avaliar
O que realmente é amar.

O amor real é o maternal sem limites, incondicional,
Independente do filho ser bom ou mau.
Jamais seríamos indiferentes às nossas crias.
O que resta, é amor carnal, nada divinal.
Paixões avassaladoras pouco duradouras

Como revelia ao término da tirania conjugal
O desprezo se faz presente, feito castigo
Na tentativa de negar a sua fragilidade,
Ocultando sua própria identidade.


* Daisi Oliveira de Souza

ERENI - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Ereni Wink
Aquarelas

Aquela menina tão bela
Brincando com aquarela
Eternizou teu retrato num quadro
Em pinceladas amarelas


Esqueceu seu orgulho ferido
Como se nada tivesse ocorrido
E assim foi levando a vida
Pintando em tons envelhecidos

Na tela pintou sua vida
Para sentir a presença
Do amado que a enganou
Deixando-a na indiferença.



Florianópolis 23/05/2012 Ereni Wink

PAULA TEIXEIRA - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Paula Teixeira



Qual é a diferença indiferente entre a diferença? 

De ñao haver indiferenças, seria tudo diferente.

Com diferenças de seres indiferentes 

Com a grande diferença

De ser diferente ao indiferente 

Com muita diferença 

Sim , senhor...


SALETE - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Maria Salete Ariozi
Recusa-me

Qual Punhal de ponta fina
Que perfura de mansinho.
Rasga a carne lentamente
Quando o percebo
Indiferente !

Latejam na mente os desejos
Abafados são os sentimentos.
Reprimidas todas as ações,
Seguem em horas frias,
As emoções !

Implacável ironia do tempo
Que assim se faz e aplica.
Voraz, sem olhar para trás,
Sem nada dizer, somente
Recusa-me !

Desorientado o coração segue,
Encoberto por um negro véu,
Em desordem, em conflito.
Na sorte buscando o encontro
Do vazio !


((Salete)) 22/maio/2012

SALETE - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Maria Salete Ariozi
Vazio de Mim ...

Sem que eu quisesse
Ou permitisse,
Foi entrando de mansinho
Em minha vida.
Tomou conta dos espaços.
De um coração aos pedaços.
Libertou-me das armadilhas,
Que na alma fazia-se em dor.
Lançou-me seu olhar encantador,
Pegou minhas mãos, me carregou.
Incendiou-me com o seu calor.
Provei o sabor dos seus beijos,
Os prazeres dos seus segredos.
De repente tudo mudou.
A indiferença nos separou.
O Momento mágico acabou.
O Sonho lindo se rompeu.
Restou um enorme vazio.
Um vazio de mim !


((Salete)) – Maio/2012

LUCINHA - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Lúcinha Santos
Indiferença

uma coisa que não entendo e nem quero entender
como pode existir indiferença por aqui
Num mundo tão belo, e tão cheio de cor
como pode a indiferença
mudar esse tom
tão bom o toque, o aperto de mão
o abraço bem apertado
como pode a indiferença
sumir com tudo que é bom
um sorriso largado, um bom dia esperado
sentir o sol no rosto
numa manha de inverno
colocar os pés na grama e cheirar uma flor
como pode a indifença
acabar com a simplicidade
do sentir e querer
curtir tudo de tão belo
Um cachorro com sede
uma criança com fome
um idoso querendo sua mão
como pode a indiferença
não sentir nenhum remorso
Se ao ler esse poema, escrito aqui
e em algum momento
fez questão de fazer algo
então você conseguiu matar essa palavra
que segue na vida de quem não tem alma
A indeferença machuca, entristece
e faz com que passe a vida apenas como um filme
porque a indiferença é a falta de sentimentos
mais nobres
E se ela esta dentro de você, então preste atenção
fique longe de mim,
Por que eu me chamo vida, atitude, respeito
e principalmente me chamo amor
indiferença não quero perto de mim , muito menos
no meu coração.

.......................lú

ANDRÉ - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


André Alves
Nós

Houve tempos em que eu escrevia de mim
Houve momentos em que você rabiscava em mim
Sentimentos se esqueceram de nós
O que fizemos com o generoso tempo?

Cantarolávamos nas manhãs na cama umedecida
O mel brotava da flor da nossa pele
Entrosada, adoçava nossos corpos
Isso quando éramos uma pele só
Que dividíamos um com o outro
No final qual era de qual?
Só pressentíamos
Que algo acabava
A cama solitária
Abandonada, respirava
O travesseiro que ela me deixou.


André Alves

DAISI - Prosas do Tema = IDIFERENÇA


Daisi Oliveira de Souza
Febre de amor


Porque se esconde assim de mim?
Telefono e você não atende,
Procuro nos lugares e você não está.
Pergunto aos amigos como estás?
Ouço que vives feliz e muito bem.
Deus!! Como dói esta indiferença...
Eu aqui sentindo a sua falta
Sem paz nem sossego, doente de amor.
Errei, reconheço, mas não mereço
Todo esse desprezo. Volta!
Faz frio, nosso ninho está vazio,
Meu corpo implora pelo teu calor.

*Daisi Oliveira de Souza

JOSÉ CARLOS - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Jose Carlos Ribeiro
A indiferença

Meu coração esta apaixonado.
Mas você não o vê.
MEU coração esta triste.

Porque você não olha para mim.
Gostaria de confessar o amor.
Que sinto por você.

Mas eu não me atrevo.
Porque eu nunca terei seu coração de volta.
É por isso que eu não lhe disse.
Eu fico no meu canto.

Porque só eu sei.
O coração esta cheio de tristeza.
Porque eu nunca terei você junto de mim.

Eu choro todas a noites.
Eu choro de desespero,
De nunca poder ter você.
Eu te amo.


ANGELA - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Angela Mendes
Indiferença


Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles

ANGELA -Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Angela Mendes
SÓ RECEBI INDIFERENÇA

Como uma folha caída,
que o vento de outono levou,
ficou no caminho esquecida,
assim você me deixou.
Fui muito além do que devia
Te fiz rir, chorei ao teu lado,
dei colo, aconchego e calor,
escutei tuas juras, falei de amor.
Tentei parar o tempo
para reter sua imagem,
mas ela se tornou miragem.
E nas minhas idas e vindas
tudo foi se diluindo,
como numa foto antiga,
vi que o tudo era nada .
E nossa história ficou
no baú das memórias, trancada
junto a tua indiferença.
Assim como a folha que
ao passar ninguém a vê
também sigo impelida
num rodamoinho veloz
sufocando essa dor atroz...
Pior que a tua indiferença
é não conseguir apagar
de mim a tua presença!
E para te castigar,
por toda eternidade,
serei a tua saudade!

(Ângela Mendes)

CESAR - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Cesar Veneziani
BECO

Conto, num beco, num canto,
a um gato atento e tácito,
com um cinismo mordaz e ácido,
o fracasso de um desencanto.

E o gato, fingindo atenção,
me ouve em silêncio calado.
Não fala sequer um miado,
não quer me passar um sermão!

E eu, todo fraco, abatido,
não ligo: um desabafo desato.
Me xingo, eu me desacato,
num discurso sem sentido.

E o dia, indiferente,
pare a luz e a noite mata,
e a solidão, insensata,
é um gato à minha frente.


(Cesar Veneziani, in "Neblina",
 pg. 49, Editora Patuá, 2012)


ERENI - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Ereni Wink



Autora:- Nathalia Wigg


Meus pensamentos se infundem
Na tua loção sensual.
Então eu caminho adentro
Da solidão dessa estrada...
Meu peito rompe-se no topo
Desse gozo virginal,
E deságuo ao descobrir
Que minha saudade não é alada...

As asas se dissiparam
Na vastidão desse caminho.
Tentei fazer a alquimia perfeita
Para não te perder.
Mas aqui, nesse deserto,
Estou desnudo e sozinho,
Misturei notas, criei acordes,
E não encontrei você...

Como um perfumista,
Peguei a essência de diferentes rosas.
Mas a química perfeita da tua alma
Parecia não existir mais.
Em versos vãos, transformei lembranças
Em simples prosas...
A saudade do teu cheiro
Envenenou-me em nos umbrais!

Diante dessa estrada
Empoeirada de anêmica paixão,
Acho que a sombra da morte aparece
Em sorrateiros sinais.
E ao perigoso romper desse iludido,
E indelével coração,
Destilo-me junto ao chão
No aroma vermelho dessa lembrança fugaz..


FÁTIMA PESSOA - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Fatima Pessoa


Onde está a felicidade? No amor, ou na indiferença? Na obediência, ou no poder? No orgulho, ou na humildade? Na investigação, ou na fé? Na celebridade, ou no esquecimento? Na nudez, ou na prosperidade? Na ambição, ou no sacrifício? A meu ver, a felicidade está na doçura do bem, distribuído sem idéia de remuneração. Ou, por outra, sob uma fórmula mais precisa, a nossa felicidade consiste no sentimento da felicidade alheia, generosamente criada por um ato nosso.

Rui Barbosa

ANGELA - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Angela Mendes
Indiferença

Hoje, voltas-me o rosto, se ao teu lado
passo. E eu, baixo os meus olhos se te avisto.
E assim fazemos, como se com isto,
pudéssemos varrer nosso passado.

Passo esquecido de te olhar, coitado!
Vais, coitada, esquecida de que existo.
Como se nunca me tivesses visto,
como se eu sempre não te houvesse amado

Mas, se às vezes, sem querer nos entrevemos,
se quando passo, teu olhar me alcança
se meus olhos te alcançam quando vais.

Ah! Só Deus sabe! Só nós dois sabemos.
Volta-nos sempre a pálida lembrança.
Daqueles tempos que não voltam mais!

Guilherme de Almeida

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