PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

CLAUDIO - Prosas do Tema = INDIFERENÇA


Claudio Caldas Faria



Passava assim sem pedir licença
Parece, realmente, que não me vê
Achando que a sua indiferença
Poderia apenas me enlouquecer.

O dia infindável
Transcorria ao meu redor
Em fluxo inexorável,
Direto, imutável
Mas tudo poderia terminar pior.

Pedi um dia que minha boca beijasse
E lhe vi hábil e sutilmente afastar-se
O que me pareceu lhe dar prazer
Mas não sou uma mulher da vida
Que tu esbarras em qualquer avenida
Tendo o belo corpo sempre a vender
Estou bem acima e além deste suster.
Sou o que costumam chamar os franceses:
“L’heure de bleu”.

Só quis lhe dar de mim um pouco
E você reagiu como um louco
A algo que vem desde nascença
Nem olhar me olhou – fizestes pouco –
Doeu-me sua total malquerença.

Podes usar desta indiferença
Até mesmo a sua exaustão
Pensa ser fácil fugir do demo
Para a “Terra da Promissão” ?

Passava uma dúvida em minha mente
Tu que és tão humano –não diferente-
Como pode manter-se indiferente
Diante da certeza da morte iminente?
Até que lhe entreguei o calafrio
De sentir-se enterrado até o pescoço
Sob o cimento molhado e frio.

Cavalgo assim sobre a noite
Usando o esquecimento como açoite
Movo planetas, inferno e até mesmo o céu.
Apresento-me a você – Boa Noite!-
Sou a Morte montada em meu negro corcel.
Só aí me reconheces então
De joelhos me suplicas perdão
Mas tarde é, beba seu cálice de fel;
A Dama da Noite não se trata com indiferença
Nem ontem, nem amanhã, nem agora.
Está aqui e eu lerei a tua sentença:
“Pobre resto humano, chegou a tua hora!”

Claudio Caldas Faria


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