Joaquim Rodrigues
Ó solidão!...
À noite quando estranho...
Vagueio sem destino, pelas ruas,
O mar todo é de pedra...
E continuas.
Todo o vento é poeira...
E continuas.
A Lua, fria, pesa...
E continuas.
Uma hora passa e outra...
E continuas.
Nas minhas mãos vazias...
continuas,
No meu sexo indomável...
continuas,
Na minha branca insonia...
continuas,
Paro como quem foge.
E continuas.
Chamo por toda a gente.
E continuas.
Ninguém me ouve.
Ninguém!
E continuas.
Invento um verso...
E rasgo-o.
E continuas.
Eterna,
continuas...
Mas sei por fim...
Que sou do teu tamanho!
Pedro Homem de Mello...