Fátima Custódio
Olhar
Das estrelas quero o brilho
Era a noite, a noite mais escura de todas as noites, a noite que me oprimia perante a densa escuridão da terra; e o silêncio tão profundo que fazia doer a alma...
Quando os meus olhos se cansam de olhar a face do dia, eu olho a noite, e escondida em pleno deserto de mim, essa noite terrível e bela, abre a janela do céu enfeitado de mil castiçais e num instante se torna a mais luminosa de todas as noites...
E, como foi linda essa noite quando uma estrela me olhou e os meus sonhos seguraram milhões de estrelas derramadas sobre mim. Brincaram com a minha essência; fogo e água da minha sede, ardendo no escuro da noite gotas de pérola...
Quando uma estrela me olhou na urgência maior de me calar, de calar a minha dor, eu soube que quando os pássaros partem não há nuvens entre mim e o céu; não há horizontes que me prendam, e unidos na mesma sede nos encontramos na mesma cintilação de todas as estrelas....
Sou a linguagem duma fonte intemporal, quero alcançar-te num incêndio escrito no céu, quero beber-te na rebeldia do silêncio, perpetuar esta noite povoada de magias, quero deambular pelo frio intenso, na memória das tuas mãos, dos teus olhos, naquela noite de estrelas...
Naquela noite uma estrela me falou, o meu sonho tomou forma e na voz de um anjo os meus olhos brilham na pronúncia do teu nome; guardo um abraço de estrelas...e quando uma estrela me olhou, nessa noite, eu soube que um dia te iria encontrar...