PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sem saber




Fátima Custódio





Sem saber
Encontrei-te
E ficaste
No tempo
Onde sem querer
Eu te sinto
Na música que respiro.
Sem querer
Eu te levo
Nas asas do sonho
Tranquilo,
Inocente.
Sem saber
Vais comigo
Até ao planeta
Onde o fogo não queima.
Eu quero e não posso
Fugir dessa luz
Que me aquece e me dói.
Eu nunca quis 
Perguntar-te porquê!
Porque é que no silêncio
Das vozes da noite
Te encontro de novo
No meu pensamento

Fátima Custódio

Poemas






Aníbal Bastos





De todos os poemas que escrevi,
Onde pus o empenho mais sincero,
Juntando o rigor com o esmero,
Foram versos feitos a pensar em ti!

Foram tantas as noites que não dormi,
Atormentado pelo desespero,
De ouvir-te dizer em tom austero:
- Deixa-me em paz! Não te quero aqui!

Mas um dia dou contigo de frente…
Sem dar conta caminho a teu lado
E, vejo que me olhas sorridente!

Com timidez a tua mão estendeste,
Colocando na minha um rebuçado,
Com o sabor do beijo que não me deste!

A. Bastos (Júnior)

Retórica



Carlos Menino Beija-flor




Já estou na metade da minha meta,
dessa metamorfose metafórica... retórica.
Entre profetas indecisos e poetas narcisos.
O passado é um espelho retrovisor,
o futuro é só teoria,
só me resta um presente com amor.
Então que eu prometa...e cometa.
Alçando vôos sem medo do sol.
Que eu descanse sob as estrelas
e quando eu não puder mais vê-las
é a certeza de um novo arrebol.
Que eu transborde,
mas que não acorde dessa viagem
nem desmanche a maquiagem que me faz sorrir,
que me permite brincar com essa bola chamada planeta
chamando amigos pro meu cometa.
Que eu cometa ! ...
Loucuras, doçuras .
Tanto faz...
nessa metamorfose só mudam as metáforas.
Uns chamam de mentira o que pode ser minha verdade.
E eu isento, imune , ético,
do alto do meu mirante poético
contemplo horizontes
buscando minha outra metade.


Brinde




Fátima Custódio




Levanto o meu copo
E brindo á miragem
Da tua presença.
Responde o silêncio,
Braços inertes
Da tua indiferença.
Não falas palavras
Nem ouves pedir
Que acordes um dia.
Levanta-te e olha:
Vem sentir que na noite
Eu brindo ao luar
Os destinos trocados
Que a vida nos deu.
Se assim o quiseres
Eu brindo contigo
Á essência amarga 
Das portas fechadas.
Se assim o quiseres
Eu brindo contigo
Ao brilho e ás cores,
Onde promessas e asas,
Se tocam, se cruzam
Na aurora raiante
Do meu infinito.

Fátima Custódio

COMEMORANDO AS 30 MIL



Angela Mendes




Para festejar os mais de 30 mil visitantes no nosso Blog...

Boa noite!


Onde?


André Alves





As beiradas das lembranças não são consistentes
Lacunas enfraquecidas
Madrugadas impertinentes
Dias consoladores
Vil existir
Que não me permite o seu som
Cantos passageiros
Seriam seus?
Passam fugazes pelos meus ouvidos
Apresentam-me à solidão
Nego a rejeição
Respiro
O vento bate-me com seu cheiro
Veneno para meus sentidos
Sou lençol desarrumado
Ninho mal feito
Coração desamparado
Amor ausente
Corpo insistente
Coração bate fraco.


André Alves

Garrafas enviadas




Jorge Morais



garrafas enviadas
mensagens extraviadas
desejos frustrados
marés que não levam
nem trazem
amores encantados
em ilhas perdidas
das seis restantes
esperanças contidas
rezas são feitas
com preces esquecidas
em busca de sonhos
e de vidas vividas
no horizonte se fixa
olhares distantes
na esperança avivada
de caravela avistar
pano branco içar
bem alto gritar
para que a ilusão
se possa
concretizar


jorge morais

Nega-me tua alma



Maria Salete Ariozi





Nega-me tua alma
Esta minha alma mesma
Que me furtas -
E é o degredo irremediável
que, em troca, me concedes.
Nega – me tua chama
Que tremula no delírio dos deuses,
Teu anjo, que ressona no silêncio dos lagos,
Nega-me, nega-me tua espuma
Que regurgita no sonho das aves
(eu sou o teu infante pássaro)
E é sem minhas fontes que me deixas,
Sem meu ar extasiado.
Nega-me teu mar, tua tempestade,
O sonho e a fantasia,
E me deixas a seco ,ao sal amargo
De cada dia.
Nega-me teu olhos e já triste não me enxergo
Que a felicidade, embora utopia das sombras,
É também certa luz incidente
Que só de teu olhar
meus olhos como bênção recebem.

Fernando Campanella

O Cântico da terra



Maria Salete Ariozi




Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Cora Coralina

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