PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Homem de Lugar Nenhum





Orlando Costa Filho





À John Lennon

Sou de lugar nenhum.
Certamente menos um.
Sou o agora,
por dentro e por fora.
Ninguém é foda (é muito menos)
A foda é mais que todos,
estes gritam por socorro
enquanto aquela o envia
e a esperança
de um planeta justo e bom
propicia. Sou de lugar nenhum
e também menos um
na sua lista de inimigos.
Sou o agora
por dentro e por fora,
e já passando da hora
de dizer que te amo!

ocf

Lua branca.


Ereni Wink




Ó lua que branca vagueia pelo céu,
Que nas minhas longas noites peregrinas,
Vai derramando em cascatas teu branco véu,
Cobrindo-me de prata entre os montes e as colinas.

Ó lua que branca ilumina e enfeita o céu,
Entre grandes planetas e estrelas pequeninas,
Tens a pureza transparente e doce do mel,
Destacando-se entre as flores das Campinas.

Ó lua que branca mora feliz lá no céu,
Mas, que ás vezes vagueias sozinha ao léu,
Por este mundo grandioso e sem fim.

Se encontrares por ai o meu querido bem,
Traga ela de volta são e salva para mim,
Porque viver sem ela não sou ninguém.


José Aparecido Botacini

LIGIA - PROSAS DA FOTO



Ligia Shlochmann
AS SETE FASES DA LUA





SOLITÁRIA LUA
TÃO PEQUENA......
TÃO SORDIDAMENTE
INFELIZ...........
DIZES-ME PORQUÊ
AINDA SOU MINGUANTE
ESTOU CRESCENDO
VAIS OLHANDO......
ESTOU CADA VEZ
MAIS CRESCIDINHA
AUMENTEI UM POUQUINHO
JÁ SOU MENINA MOÇA
AGORA SOU UMA BELA JOVEM
FINALMENTE ME TORNEI
UMA LINDA MULHER 

outono/maio/2012

Vêm…



Jose Carlos Ribeiro



Quero ver-te…
Só um pouco…
Nem que seja só de relance…
Deixa que eu te veja…
Deixa que eu te sinta…
Posso…?
Despe-te para mim…
Desvenda-me os teus mistérios…
Vêm…
Mostra-me o teu ser todo…
Corpo e alma…
Nu…
Sem enfeites…
Sem disfarces…
Confia em mim…
Mostra-me…
Quem tu és…
Como és…
Arrisca…
Não te vais arrepender…
Vens…?
Quero-te nu…
Aqui…
Só para mim…
Onde eu já espero por ti…

Sabrina ferreira

A Minha Estrela é Você


Jose Carlos Ribeiro





Neste meu caminho perdido e escuro
Uma estrela apareceu,
Doce e cintilante,
E sob o encanto do teu sorriso meu caminho
Se revelou.
Os seus raios aqueceram o meu coração,
E me restituiram a esperança
De que irá me acompanhar
Até o fim deste caminho.
Nas tuas mãos coloco o meu destino
Porque esta estrela é você 

Nelson Francisco de Andrade

Mentira


Aníbal Bastos





Tanto se veste com trajes de gala,
Como usa andrajos de mendigo!
De qualquer das formas é um perigo,
Porque em nome da verdade fala!

Engenhosa, matreira; não se cala,
Quando se sente à sombra do abrigo,
Do hipócrita que tem por seu amigo,
Que com ela na imundice se regala!

Quando usada em grandes proporções,
Faz o mundo estremecer de pavor,
Lançando guerra, entre povos e nações!

Enganar, destruir; é a sua meta,
Seja aquém, seja além, ou onde for!
- É a semente do mal no planeta!

A. Bastos (Júnior)

O Astronauta de Mármore




Paula Teixeira




A Lua inteira agora é um manto negro
O fim das vozes no meu rádio
Sao quatro ciclos no escuro deserto do céu
Queo um machado pra quebrar o gelo
Quero acordar do sonho agora mesmo
Quero uma chance de tentar viver sem dor...

Sempre estar lá
E ver ele voltar
Ñao era mais o mesmo, mas estava em seu lugatr
O tolo teme a noite, como noite vai temer o fogo

Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul
A trajetória
Escapa o risco nú
Uh! Uh!
As nuvens queimam o céu
Nariz azul
Uh! Uh!
Desculpe estranho
Eu voltei mais puro do céu...

A lua o lado escuro
É sempre igual
Al! Al!
No espaço a solidão
É tão normal
Al! Al!
Desculpe estranho
Eu voltei mais puro do céu...

O Homem; As Viagens




Ligia Shlochmann







O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto - é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

Carlos Drummond de Andrade

Tome Uma Por Dia




Lúcinha Santos





”Uma poesia por dia...
preenche a alma vazia;
combate a monotonia;
enriquece a sabedoria;
aumenta a simpatia;
enfoca e amplia a visão;
enaltece o coração;
fortalece a união;
nos leva à reflexão;
nos traz melhor compreensão;
faz um mundo mais amável,
mais civilizado e irmão;
torna sábio o aprendiz;
nos faz corrigir enganos;
nos torna bem mais humanos;
faz a gente tão feliz!!!"

livro Garrão de potro
(poesia gaúcha)

Longe de ti


Ereni Wink




Longe de ti, se escuto, porventura,
Teu nome, que uma boca indiferente
Entre outros nomes de mulher murmura,
Sobe-me o pranto aos olhos, de repente...

Tal aquele, que, mísero, a tortura
Sofre de amargo exílio, e tristemente
A linguagem natal, maviosa e pura,
Ouve falada por estranha gente...

Porque teu nome é para mim o nome
De uma pátria distante e idolatrada,
Cuja saudade ardente me consome:

E ouvi-lo é ver a eterna primavera
E a eterna luz da terra abençoada,
Onde, entre flores, teu amor me espera.

(Olavo Bilac)

Saudades




Angela Mendes






Ele foi embora.
Levava na bagagem uns bons quilos de saudades.
Na alfândega, não passou.
Nem poderia.
Tinha excesso.
Excesso de saudades.
Ele explicou:
-Saudades, meu senhor, não posso deixar aqui
E tampouco eu posso levá-las aos poucos...
Saudades, meu senhor, se carrega junto, bem junto,
Porque vem de dentro do peito, da alma, do coração!
Saudades, meu senhor, tem que passar.
E não passou.
Não havia passaporte,
Sexo,
Religião,
Dinheiro ou
Posição que a justificasse,
E ele teve que ficar.
E junto a ele, a mala jazia já vazia,
Com a saudade que ali mesmo morria.

(Guriadapoesiagaucha)

Essa que eu Hei de Amar…







Angela Mendes





Essa que eu hei de amar perdidamente um dia
será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a essa alma escura e fria.

E quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela…
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz… — Tudo isso eu me dizia,

quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste…

E falou-me de longe: "Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!".


Guilherme de Almeida.

SALETE - Prosas do Tema = TOQUES


Maria Salete Ariozi
CAMINHADA



Vazia me encontrava

Qual folha seca do outono,
A rolar pelo chão,
Sem Vida, ressequida,
Esquecida !



Caminhando saí buscando
Alento, sentido no vento.
Respiração ofegante,
Entreguei-me nesta 
Corrida !



Para a Poesia nada sabia,
Inspiração alguma
Me vinha,
Isso me abatia !



Resolvi dar um tempo,
Deixei que o vazio falasse.
Me surpreendi ao ouvi-lo, 
Que aquilo era o seu Toque
Do silêncio naquele
momento !



Observei que outro sinal
Já sentia que, nascia a poesia.
Era o Vento, 
Que em minha face fazia
O toque de sua
Carícia !



Respiração controlada,
Endorfina liberada,
Passadas acentuadas,
Encontro da Poesia
Que alegria !


((Salete))- 28.05.2012

Tentei


Lúcio Pizzo

Tentei arrancar de mim o carnegão da literatura. Impossível. Só consegui uma coisa: adiar para depois dos 30 o meu aparecimento. Literatura é cachaça. Vicia. Obs.: Carta a Godofredo Rangel, São Paulo, 16/6/1904.

~ Frase de Monteiro Lobato

Você faz parte daqui