PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Vulcão


Carlos Menino Beija-flor
VULCÃO


Desejo reprimido é fogo!
Quando aflora vem como dilúvio
lavando medos, arrastando barreiras
revelando segredos até então contidos,
lá no íntimo escondidos.
A lava quente é o desejo da gente
que explode e jorra, vai à forra
contra o silêncio e a timidez,
causando-nos a sensação de gozo total.
O abraço mais forte, um gemido agudo
e a paz no sorriso, dizem tudo.
Vem das entranhas, do mais profundo íntimo essa erupção.
Esse calor restrito na gente
como gigante adormecido
que desperta em fúria sensual
com gemidos e sussurros
transforma em alívio o que era tensão.
Ainda que seja momentâneo
de vez em quando é preciso explodir um vulcão.


Um Dia Choveu...!




Claudio Caldas Faria











Por mais que tudo seja complexo
Simples para mim se parece
Por mais rápido que tudo acontece
Eu acompanho, pois tudo tem nexo.

Eu imagino, crio, escrevo, pinto!
E se não mostro meu sorriso
Não quer dizer que não sinto,
Apenas o tempo se tornou curto,
Para os outros um tanto absurdo
Para mim não,
Como já disse,
Tempo rápido demais,
Mas são bons,
Tempos de muita paz,
Por isso às vezes pareço ser surdo,
Tenho que vivenciar e sentir
O ser que vive e explode dentro de mim
E ao mesmo tempo, controlar o que está fora.
Isso assusta e de comum manda embora
Os que não têm competência para compreensão.
Para mim diferença nenhuma faz
Se vão ou se aqui ficam,
Pois mesmo assim eu me divirto
Com as batidas do meu coração,
Podem parecer coisas simples para alguns
Mas elas me dizem: Você está vivo!
Repetem isso sem se cansar
E não se cansam de me lembrar
Que viver
Em vez de morrer,
É imperativo
E não um simples
Substitutivo!

Mesmo depois de dias
De um calor quase insuportável
Paro e me concentro no inevitável
Recordo-me com um sabor indubitável
Que num belo dia desses choveu!
Milhões de gotas de puro prazer
Molharam o infinito do meu EU.
É... Quem poderá me dizer:
Se amanhã voltará a chover?

Do Livro " ECOS & REFLEXOS - Claudio Caldas Faria


Nada Fica


Mô Schnepfleitner




Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.

Ricardo Reis (F.P.)

Renúncia




Ligia Shlochmann





A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do DESENVOLVIMENTO DA CIVILIZAÇÃO HUMANA.

Sigmund Freud.

E ao anoitecer


Mô Schnepfleitner





e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia

Al Berto

Noite Escura



Daisi Oliveira de Souza




Em uma noite escura
De amor em vivas ânsias inflamada
Oh! Ditosa aventura!Saí sem ser notada,
Estando já minha casa sossegada.
Na escuridão, segura,
Pela secreta escada, disfarçada,
Oh! Ditosa aventura!
Na escuridão, velada,
Estando já minha casa sossegada.
Em noite tão ditosa,
E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa alguma,
Sem outra luz nem guia
Além da que no coração me ardia.
Essa luz me guiava,
Com mais clareza que a do meio-dia
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia,
Em lugar onde ninguém aparecia.
Oh! noite, que me guiaste,
Oh! noite, amável mais do que a alvorada
Oh! noite, que juntaste
Amado com amada,
Amada, já no amado transformada!
Em meu peito florido
Que, inteiro, para ele só guardava,
Quedou-se adormecido,
E eu, terna o regalava,
E dos cedros o leque o refrescava.
Da ameia a brisa amena,
Quando eu os seus cabelos afagava,
Com sua mão serena
Em meu colo soprava,
E meus sentidos todos transportava.
Esquecida, quedei-me,
O rosto reclinado sobre o Amado;
Tudo cessou. Deixei-me,
Largando meu cuidado,
Por entre as açucenas olvidado.

*Poema de São João da Cruz

Quando o poeta se cala


Carlos Menino Beija-flor




Quando o poeta se cala
por dentro gritam queixumes.
É como a flor que não mais exala perfumes.
Quando o poeta se cala não há vida,
felicidade faz despedida.
Não há sol nem lua que embeleze o dia.
Quando o poeta se cala, cala até a poesia
Cabisbaixos ficam os rouxinóis, os girassóis,
murcham orquídeas e jasmins.
Choram até os anjos e querubins.
Mas é culpa do próprio poeta que imagina tudo em flor
e ele se cala vendo que o deserto de hoje já foi um jardim de amor.
A boca que lhe dava mel
foi voar em outro céu
deixando das flores, só o espinho e a dor.
Quando o poeta se cala tudo chora nessa hora;
Choram o homem, o menino...
e o beija-flor.

Carlos Menino Beija-flor

Você é água




Jose Carlos Ribeiro

Você é água
Minha fonte de vida
Você é meu vulcão
Meu fogo de felicidade

Você é meu céu
Meu arco iris
Você é minha estrela
Minha galáxia

Você é meu mar
Minha doce onda
Você é minha terra
Minha areia quente

Você é minha estrela
Meu universo
Você é meu mundo
Meu dia minha noite

Você é meu perfeito
Depois o imperfeito
Você é meu vento
Minha doce respiração

Você é meu amor
Aquela que nunca esqueço
Você é minha cúmplice
Você é aquela que amo

Renúncia




Claudio Caldas Faria






Uma emoção em redemoinhos
embriaga-me os sentidos,
e captura minha mente.

Rapidamente, um instinto
(feito forte vinho tinto)
primitivo e quase irrefreável
faz-me querer o impraticável
- em atração muito poderosa.

No escuro de todas as noites
(e antes da luz da aurora)
esta paixão me toma/fulmina,
mina e, perplexa, vejo a sina
que invade a minha vida:

Frear o impulso maiúsculo
(renunciar ao que sinto)
calar a palavra sentida,
nunca dita/maldita/contida
no doloroso e vão escrúpulo.

Ah, viver assim, só, sem repouso ou guarida,
dentro da névoa sem fim ... e dos crepúsculos.

Silvia Regina Costa Lima
30 de maio de 2009

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Contemplando Horizontes



Carlos Menino Beija-flor



Mostre-me o horizonte,
mas não me impeça de voar.
Pra quê um céu tão lindo se for só para olhar?
Mostre-me a estrada,
mas não queira me dizer onde termina ou começa.
Se a estrada é comprida e estreita, eu tenho pressa, é o que me resta.
Se a viagem não for perfeita
ainda assim farei dela uma festa.
Só cale minha boca se for com um beijo... porque tudo em mim é desejo.
Dê-me dois desenhos do mundo
um colorido e outro por colorir
que eu ficarei com o segundo
para pintar conforme meu juízo.
Dê-me lápis e papel que lhe mostrarei o meu céu.
Borracha não preciso,
não tenho nada que deseje apagar.
Se escrevi linhas tortas foi assim que cheguei
como um rio sinuoso que busca o mar.
Não me cobre exatidão... porque tudo em mim é emoção.
Minha poesia não é uma ciência,
é resistência,
escudo contra os dragões desse mundo de terror
é meu jeito de ir pra guerra,
é meu jeito de falar de amor.

A Vós Seu Resplendor Deu Sol e Lua




Magna Azevedo




Pelos raros extremos que mostrou 
Em sábia Palas, Vénus em formosa, 
Diana em casta, Juno em animosa, 
África, Europa e Ásia as adorou. 

Aquele saber grande que juntou 
Espírito e corpo em liga generosa, 
Esta mundana máquina lustrosa 
De só quatro elementos fabricou. 

Mas fez maior milagre a natureza 
Em vós, Senhoras, pondo em cada uma 
O que por todas quatro repartiu. 

A vós seu resplendor deu Sol e Lua: 
A vós com viva luz, graça e pureza, 
Ar, Fogo, Terra e Água vos serviu. 

Luís Vaz de Camões, 
in "Sonetos"

Um beijo


Mô Schnepfleitner




Foste o beijo melhor da minha vida, 
ou talvez o pior...Glória e tormento, 
contigo à luz subi do firmamento, 
contigo fui pela infernal descida! 

Morreste, e o meu desejo não te olvida: 
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento, 
e do teu gosto amargo me alimento, 
e rolo-te na boca malferida. 

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo, 
batismo e extrema-unção, naquele instante 
por que, feliz, eu não morri contigo? 

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto, 
beijo divino! e anseio delirante, 
na perpétua saudade de um minuto...

Olavo Bilac

Gente que é gente




João Adalberto Behr




Gosto de gente que não sorri entre os dentes,
que faz da vida um presente
e sabe estender a mão.
Gosto de gente que entende
e que se faz entender
quando o exige a situação.
Gosto de gente sincera,
que não alimenta refregas,
é plural e não solidão.
Gosto dos que aglutinam,
tem estilo e não imitam,
cultivam o respeito
e superam a desilusão.
Gosto de gente que é gente:
perdoem-me a ousadia da definição.

Rogoldoni

Outros terão





Claudio Caldas Faria





Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.
A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

"Que importa?"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

"Quem tem de ser?"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.

F.Pessoa , 13-1-1920

Por Muitas e Poucas




Ligia Shlochmann




Ahhh!!! Essa sensação de abandono, me consome
Me afasta das pequenas proezas da vida, me inibe
Me traz paz, é estranho como me conforto
Essas palavras desleixadas, pequenos espinhos na minha alma
Essa dor, de ausência total, me corroi, me protege
Choro por nada, me alegro por tudo
São muitas coisas em tão poucos momentos
São meus tormentos, feridas do coração
Colírios nos meus olhos, assim pequenos desgastes
Por favor, me abracem!!!!
Ninguém, me vê!!! oh!!! não me enxergo
Me reprimo e me encontro, oh!!! solidão companhia eterna
És esfinge e eu não te decifrei, me devoraste
Pudera!!! Por muitas e poucas coisas me desfaço
Choro, como sabe bem chorar,
É bom sentir o docinho amargo dos sais de minhas lágrimas
São poucas coisas, me alegro...
Por muitas coisas me entristeço e choro,
De prazer, de emoção, alegria, de tristeza
Por muitas e poucas minha face é nascente
Afluente de rios tranbordantes, deltas que dasaguam em margens estancadas nos oásis
Miragem cheias de verdades...
Por muitas e poucas eu sou ilusão...
Estado de vida latente, sou abandono
Definição concreta de solidão, sinónimo de saudades
Sou ao mesmo tempo sono tranquilo, em marés de pesadelos
Por muitas e poucas não aprendi a sonhar, imagino
Fecho os olhos e me conformo sonânbula, me debato
Por muitas e poucas sou solidão rodeada de gente, que procuro amar.

Lyah dos Anjos


Renúncia




João Adalberto Behr




Renunciar. Todo o bem que a vida trouxe,
Toda a expressão do humano sofrimento
A gente esquece assim como se fosse
Um vôo de andorinha em céu nevoento.

Anoiteceu de súbito. Acabou-se
Tudo… A miragem do deslumbramento…
Se a vida que rolou no esquecimento
Era doce, a saudade inda é mais doce.

Sofre de ânimo forte, alma intranqüila!
Resume na lembrança de um momento
Teu amor. Olha a noite: ele cintila.

Que o grande amor, quando a renúncia o invade,
Fica mais puro porque é pensamento,
Fica muito maior porque é saudade.

Carneiro da Cunha

Sono




Aníbal Bastos




Bendito sejas sempre que apareces,
Para me libertares do meu cansaço,
Dando-me com carinho um abraço
E, com suavidade me adormeces!

Enquanto comigo permaneces,
Sinto-me vaguear num outro espaço
E, por mais que cinja ao teu regaço,
Como apareceste, desapareces!

Vais e vens, seguindo uma rotina,
Trazes contigo, ora sonhos belos,
Ora sonhos, chamados pesadelos!

Tens força e poder que determina
Que apenas há dormir e há sonhar,
Enquanto eterno, não quiseres ficar!

A. Bastos (Júnior)

Poesia





Basilina Divina Pereira




No poema
todas as palavras são moléculas indefesas:
quando misturam-se a olhos impregnados pelo sentimento,
enverendam-se por caminhos inéditos
onde espreita a poesia.
Nem todas serão capturadas,
só aquelas que num instante de ousadia
debicarem o pardal para salvar o beija-flor.

Basilina Pereira

Isto se Chama Saudade




Angela Mendes





Nesta vida há quem diga
que o tempo jamais passou
que na história, o peregrino
é quem o tempo marcou.

A mim não importa muito
se passou, se é ocioso
lembro do carro de boi
com seu canto preguiçoso.

Na memória encontro fácil
entre as melhores lembranças
aquele cheiro de mato
nos sítios da vizinhança.

O barulho do regato
serpenteando nos montes
sem nem saber de onde vinha
só que vinha do horizonte.

Isto se chama saudade!
Sentimento inigualável
que não machuca, não fere
torna a lembrança agradável.

Elas vão pela vida afora
companhia sem igual
quando falta uma na hora
tem mais delas no embornal.

Tere Penhabe

Amigo




Ereni Wink




não importa a tua idade,
idealiza um grande sonho,
tão grandioso como o céu.
... Que o teu sonho transcenda o teu corpo,
que suba e cresça e se expanda além;
como resplendor, preencha o Universo
e se transforme em asas misteriosas
que te levem a um mundo bem mais alto.
Nas asas do sonho, os jovens avançam
e os velhos se renovam.
Amigo, não retenhas as asas do teu sonho.
Imagina a tua grandeza.
Não receies subir demasiado alto,
não hesites, não retrocedas,
não diminuas a ti próprio.
Ao abrires as asas do sonho,
ultrapassas os limites do corpo.
Ainda que o teu corpo seja tão pequeno
quanto o pó da Terra, através do sonho
tens o poder de te unires à imensa energia criadora do Universo.
Amigo, não permitas que a tristeza te domine;
mas, se te sentes dominado, ergue-te de novo.
Ainda que o teu sonho seja desfeito,
tens o direito de sonhar de novo.
Imagina que em ti ainda resta
a grandiosa energia.
Para aquele que sonha,
este mundo é sempre um novo mundo.
Amigo, não te permitas cair,
mas, se caíres, levanta-te de novo.
Ainda que percas a confiança,
ainda que fracasses naquilo que tentas,
não te permitas cair totalmente.
O sonho é o viveiro da esperança.
No imenso viveiro do sonho
nascem tenros rebentos de esperanças,
e os brotos crescem alimentados pelo sonho.
O sonho é o viveiro da esperança.
Amigo, desenha na tua mente
o mais brilhante e mais grandioso sonho.
Não te imagines um ser triste e sombrio.
Se te imaginares um ser brilhante e
poderoso, assim tu serás, pois a mente
é o criador onipotente.”

Dr M. Taniguch.

Entre os teus lábios


Mô Schnepfleitner




"Entre os teus lábios 
é que a loucura acode, 
desce à garganta, 
invade a água. 

No teu peito 
é que o pólen do fogo 
se junta à nascente, 
alastra na sombra. 

Nos teus flancos 
é que a fonte começa 
a ser rio de abelhas, 
rumor de tigre. 

Da cintura aos joelhos 
é que a areia queima, 
o sol é secreto, 
cego o silêncio. 

Deita-te comigo. 
Ilumina meus vidros. 
Entre lábios e lábios 
toda a música é minha."

Eugenio de Andrade

ANGELA MENDES - P. do Tema = FASCINAÇÃO (Busca...)




Angela Mendes
Busca...




"Sonhar-te 

mesmo acordada

fascinada, buscar-te."

Ângela Mendes, 27/06/2012

Fascinação




João Adalberto Behr




Canta-lhe o vento as áreas que conhece,
E nenhuma perturba aquele olhar.
Nenhuma o transfigura ou adormece
E o tira de sentir e de fitar.

Terra de consciência iluminada,
Limpa na sua luz pensada e fria,
A celeste canção enluarada
Nenhuma paz humana lhe daria.

Não, porque o vento só conduz aladas
Forças que oscilam a raiz;
E aquele olhar quer descobrir paradas
Seivas da vida que a razão lhe diz.

Miguel Torga

MÔ - P. Do Tema = FASCINAÇÃO (FASCÍNIO 2)



Mô Schnepfleitner
Fascínio (2)



O diverso
sempre fascina
Seja ele 
como for -
colorido
preto e branco,
com dor
ou com prazer.
Passa
e deixa marcas
para sempre.

Mô Schnepfleitner

Renúncia





Angela Mendes

(Manuel Bandeira)



Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...





..

Renúncia



Fatima Pessoa




Renunciar. Todo o bem que a vida trouxe,
Toda a expressão do humano sofrimento
A gente esquece assim como se fosse
Um vôo de andorinha em céu nevoento.

Anoiteceu de súbito. Acabou-se
Tudo… A miragem do deslumbramento…
Se a vida que rolou no esquecimento
Era doce, a saudade inda é mais doce.

Sofre de ânimo forte, alma intranqüila!
Resume na lembrança de um momento
Teu amor. Olha a noite: ele cintila.

Que o grande amor, quando a renúncia o invade,
Fica mais puro porque é pensamento,
Fica muito maior porque é saudade.

(Carneiro da Cunha)

Vulcão


Fatima Pessoa


Na minha alma reside um segredo,
e nele se abriga a minha energia, minha emoção.
É como um vulcão adormecido…

Tudo parece quieto,
tudo parece normal, mas não está.
Só parece.
Está latente, em meu interior.

Então, um dia, bastará um pequeno movimento,
uma leve pressão, e o vulcão se agitará, fumegará.
Derramará rios e rios de lava,
despertará.

Destruirá o que tiver que ser destruído,
mas abrirá caminho para a renovação.
É o curso da natureza.
Da minha natureza.

É o meu destino.

Cláudia Banegas

Renúncia



Mô Schnepfleitner




Chora de manso e no íntimo... procura
Tentar curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será ela só tua ventura...

A vida é vã como a sombra que passa
Sofre sereno e de alma sombranceira
Sem um grito sequer tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...

Manuel Bandeira

MÁRCIA REGINA - P. do Tema = FASCINAÇÃO




Márcia Regina Lopes




Fascinação é o que sinto
Por quem escreve
É um poder ....
Parecem anjos 
Gente que laça e enlaça
As palavras de um modo
Mágico contruindo 
Um mundo, recriando
Sentimentos e sensações
Me faz rir...me faz chorar
E depois de ler o que leio 
Nunca mais sou a mesma
Me preencho do que falta
Me esvazio do que sobra
Fascinação por você
Que escreve para alguém
Mas eu ladra que sou
Roubo pra mim e fico
Assim fascinada e querendo 
Sempre mais!


Você faz parte daqui