PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 13 de março de 2012

Observe




Adelice Dinha Relozi



Você já parou, alguma vez, para observar uma gota d`água?
Você já parou, alguma vez, para observar uma gota d`água?

Sim, uma pequena gota d`água se equilibrando na ponta de um frágil raminho…

Com graciosidade a gotícula desafia a lei da gravidade, se balançando nas bordas das folhas ou nas pétalas de uma flor.

São gotas minúsculas, que enfeitam a natureza nas manhãs orvalhadas ou permanecem como pequenos diamantes líquidos, depois que a chuva se vai.

É por isso que um bom observador dirá que a vida seria diferente se não existissem gotas de água para orvalhar a relva e amenizar a secura do solo.

Adelice Dinha Relozi 

Opção à mesa



Maria Salete Ariozi



‎" A alguns falta opção na mesa;
outros tem a mesa farta,
mas mendigam o pão da alegria.
Uns tem nobres mobílias, mas não tem conforto;
Outros mal tem onde recostar suas costas,
mas tem descanso."





Augusto Cury

Rifa-se Um Coração




Sandra Parizotto





Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque
que insiste em pregar peças no seu usuário.


Rifa-se um coração
que na realidade está um pouco usado, meio calejado,
muito machucado e que teima em alimentar sonhos
e cultivar ilusões.
Um pouco inconsequente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia estava certo quando
escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu
espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato
que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida
que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração
que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos
que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo,
defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração
tão inocente que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagem

Clarice Lispecrtor

Canção de Outono



Angela Mendes




Perdoa-me, folha seca, 
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo, 
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão, 
se havia gente dormindo 
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles 
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono 
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Cecília Meireles

Homenagem


Cami Parisoto
Uma pequena homenagem ao meu filho Luigi que logo logo estará aqui com a mamãe e o papai. Filho te amamos muuuuuito!!




P.S: Desconheço o autor do Texto

PATRICIA - Prosas do Tema - Natureza


Patricia Neme

NATUREZA... morta!
VEREDA DE ESPINHOS





As rosas feneceram, só restam, agora,
espinhos ofertados pela grande dor.

Nos campos de ventura, vividos no outrora,

velou-se a luz dos sonhos... Dos sonhos de amor.



Porque os cantos da terra fora inconstantes

e as às rosas entregaram pranto, desenganos...

Secaram-se os caminhos, dantes verdejantes,

ao serem palmilhados por entes profanos.



Das horas, lhes roubaram as serenas brisas,

degredo decretaram ao fiel jardineiro...

Foram amargas horas... Horas imprecisas...

E o jardim exalou suspiro derradeiro.



As rosas da paixão, lançadas ao vazio,

sem mais ter seu calor de flor-rosa-mulher,

perderam-se no vento hostil, feroz, bravio,

que as espalhou nas sendas de outro chão qualquer.



Ante tanta tristeza, as flores mais sensíveis,

levaram seu clamor aos deuses imortais;

e a acácia ofereceu ramos imperecíveis

ao renascer da vida em sacros roseirais.



E o céu estremeceu, em silêncio profundo,

curvou-se ante o fraterno e concedeu mercê:

trouxer de volta a rosa aos olhos deste mundo...

Mas lhe deixou no peito a dor que não se vê!




- Patricia Neme -

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