PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Simplesmente... Menina e Mulher



Angela Mendes



Livre como o vento,
sou menina..sou mulher,
que se faz envolvente,
que vive em meio aos sonhos...
intermináveis sonhos de amor.
Menina, que de mãos dadas com a vida
se deixa levar,
sem se perder em fantasias,
mas acreditando nos sonhos.
Mulher, que ama incondicionalmente
e se emociona ao tocar um coração.
Que sente na pele o afagar terno,
o desejo mudo,
que alimenta a alma no auge do amor.
Menina...
com doçura e ternura que encantam.
Sabe ser amor de coração,
tocando com o olhar,
beijando com a pele.
Num mesmo instante,
nem tanto o tempo,
ainda... menina e mulher...
que admira as estrelas,
que acredita em anjos.
Distribui a emoção
em dores de poesias.
Ao despertar sorrindo faz com que a vida
tenha momentos marcantes... únicos.
Menina!
Que pede colo,
que confia no amanhã.
Mulher na sua essência.
Simplesmente Menina e Mulher.

-Lenilce Azevedo-

A Rosa


Ereni Wink




A vista incerta,
Os ombros langues,
Pierrot aperta
As mãos exagues
De encontro ao peito.

Alguma cousa
O punge ali
Que ele não ousa
Lançar de si,
O pobre doido!

Uma sombria
Rosa escarlata
Em agonia
Faz que lhe bata
O coração...

Sangrenta rosa
Que evoca a louca,
A voluptosa
Volúvel boca
De sua amada...

Ah, com que mágoa,
Com que desgosto
Dois fios de água
Lavam-lhe o rosto
De faces lí­vidas!

Da veste branca
A larga túnica
Por fim arranca
A rosa púnica
Em um soluço.

E parecia,
Jogando ao chão
A flor sombria,
Que o coração
Ele arrancara!...

Autor: Manuel Bandeira

Ela existe



Fátima Custódio



Porque a alma não tem portas
Nem janelas!
Ela existe
Sem barreiras!



Santa Mônica e Agostinho




Ligia Shlochmann





MÃE E FILHO.....
POBRE MÔNICA
VIVIA AS LÁGRIMAS
A SE LAMENTAR
PELAS HERESIAS
COMETIDAS POR AGOSTINHO
PIEDOSA E FERVOROSA
EM VOLTA AS REZAS
UM DIA SONHOU
COM A CONVERSÃO
E CONFIRMAMENTO
A FÉ CRISTÃ DE
SEU QUERIDO FILHO,
AGOSTINHO ENTENDEU
QUE SUA MÃE,
ERA INTERMEDIARIA
ENTRE DEUS E ELE
O FILHO VÊ A MÃE
COMO SANTIFICADORA
AGOSTINHO SE TORNOU
O SEGUNDO DOUTO
MAIS IMPORTANTE DA IGREJA
MÔNICA MORRE AOS 56 ANOS
FOI CANONIZADA
POR SUA BONDADE E
MANSIDÃO
AGOSTINHO, SE TORNOU SANTO
COM OBRAS MAGNIFICAS
AS CONFISSÕES (Autobiografia)
A CIDADE DE DEUS
A TRINDADE
ENSAIOS FILOSÓFICOS 
TRATADOS EDUCACIONAIS e TRATADOS BÍBLICOS 
SOBRE A VIDA RELIGIOSA, DOGMÁTICOS E APOLOGÉTICOS
OS TRABALHOS DE SANTO AGOSTINHO PROVEM A CARIDADE
A CRISTANDADE COM LÚCIDOS E ATRATIVOS 
ARGUMENTOS PARA FÉ. PAI DA FILOSOFIA
CRISTÃ ATÉ OS DIAS ATUAIS.

Sancte Augustine, ora pro nobis qui tuae sanctitati!!!

Alma de Poeta



Angela Mendes



E o poeta assim se faz...
Rosto marcante...
olhar intenso, que ultrapassa a alma,
como se buscasse a essência
do coração que tenta te desvendar.
Tem a suavidade da flor do campo
e o frescor da relva molhada.
Sorriso doce e gostoso desenhado nos lábios
convidando maliciosamente a um beijo.
Devaneios povoam os pensamentos
de desejos incontidos.
Assim se formam versos e poemas
na mais sutil revelação.
Entrega de alma.
Relatos de vida.
Experiências vividas.
O Amor?
Transparente como cristal.
Emoções que fluem exteriorizando sensibilidade,
a cada letra, a cada ponto.
Palavras?
Desejos de amar sem limites.
Amor sem fragmentos.
Sentimentos, encontros,
desencontros, destinos.
Sincronicidade de muitas histórias, na mesma vida.
Doces e envolventes histórias,
que permitem sonhar, desejar, flutuar..
A alma viajar pelas nuvens,
pelo vento, pelo tempo,
Por um mar de poesias.

Lenilce Azevedo

O Ébrio




Claudio Caldas Faria





Bebi! Mas sei porque bebi!... Buscava
Em verdes nuanças de miragens, ver
Se nesta ânsia suprema de beber,
Achava a Glória que ninguém achava!

E todo o dia então eu me embriagava
- Novo Sileno, - em busca de ascender
A essa Babel fictícia do Prazer
Que procuravam e que eu procurava.

Trás de mim, na atra estrada que trilhei,
Quantos também, quantos também deixei,
Mas eu não contarei nunca a ninguém.

A ninguém nunca eu contarei a história
Dos que, como eu, foram buscar a Glória
E que, como eu, ira-o morrer também.

Augusto dos Anjos

Tocar na alma


Daisi Oliveira de Souza

‎".... Tocar na alma de alguém
é virtude de poucos.
Exige destreza, sensibilidade,
amabilidade e extrema delicadeza..."


Valquíria Cordeiro

A Dor


Angela Mendes





Eu estava com dor na cervical
o grupo foi tão legal
ficou a me medicar
cada qual receitava um remédio
Nem vou mais sarar
Acabou até com meu tédio.
Que turma mais carinhosa
ninguém aqui é prosa
Todos preocupados
com minha dorzinha
que virou um poeminha!

Peça-me





Claudio Caldas Faria





Ei ! Que tal me contar uns segredos?
Um a um todos aqueles desejos
Que passam pelo coração de uma mulher.
Fale-me sobre suas fantasias,
Todas elas,
Inclusive as do dia a dia,
Que as levam a fazer o que bem quiser.

Prometo que ficarei aqui sentado
Imóvel... Quieto, calado,
Enquanto fumo este cigarro
Serei teu,
Total,
Apenas ouvidos.
Detalhes? Só se lhe convier
Quero ouvir de uma mulher
Da qual confio
E de nada duvido.

Se ficares assim... “sem graça”
Pratique uma trapaça:
Finja-se de só, use a criatividade,
Mas termine com a curiosidade
Que fez morada em meu coração
Abuse dos gestos, sinta-se livre,
Mesmo que me “desequilibre”,
Utilize-se dos sons,
A matriz de todos os tons,
Que ecoam sobre a pele,
Dispa-se de tudo, me revele,
Cure-me de toda essa febre
Que me queima a imaginação.


Descreva-me os pormenores.
Momentos?
Sempre os melhores,
Os prazeres de cada posição!
Torne meus músculos retesados,
Os pelos totalmente eriçados
Ao ver cada uma, da tua exposição;
Faça-me imitar o contorcer
Que o prazer tem a oferecer
Através dos seus hormônios,
Faça os movimentos sincronizados,
Expulse os anjos e os pecados
Liberte os meus demônios,
Acelere os seus movimentos,
Solte os desejos e sentimentos
Que nos aquecem de tanto ardor,
Agarre os lençóis em espasmos,
Exploda em vários orgasmos
E peça: me encha com seu amor.


Claudio Caldas Faria - in "ECOS & REFLEXOS" -

À disposição através do e-mail: claudiocaldasfaria@gmail.com

Palavras




Aníbal Bastos




As palavras que escrevo, não são palavras,
Como ecos que morrem ao sair da boca!
São gestos de mãos manietadas
Que por não poder empunhar espadas,
Espumam de raiva e são minhas lavras,
Onde germina a dor que me sufoca!

Por vezes são a voz do amor sincero
Que existiu, mas por não ser correspondido,
Criou asas e voou tal como o vento,
Mas deixou ficar para trás o pensamento,
Naufragando nas águas do desespero,
Gritando: - Era melhor não ter nascido!

Palavras escritas, são a voz que a garganta,
Sufocada não consegue fazer ouvir
E encontra no papel, um aliado!
E nesse amigo deixa para sempre gravado,
Frases, com sentimentos que espanta,
Quem de dor e amor, nunca soubera o sentir!

A. Bastos (Júnior)

Descompasso


André Alves


No início era chama
Falávamos incansavelmente
Depois, o toque do celular inflamava
O ser se irritava
Parecia um bocado de paixão doente
Ao final enojava-me deitar na mesma cama
A voz vinha aos berros
Como se sua conversa fosse um aceno
De que o entulhado é demais
Foi-se o te amo
Em troca, um vazio
O afeto aos poucos perdia-se,
Na antessala mais ampla e imperfeita:
A da imaturidade
O correr dos dias preparou a saída
Que emboscada
Estive presa,
Refém
Do mesmo que imaginava
Estar enjaulado pelos meus afetos
Valeria aqui um palavrão
Que ódio me dá
Em emprestar-me a ele
Em prestar-me em ser isso:
Toda coração
A alma enlouquece
Fui paradeiro do errado
Que me mostrou a contradição
O desespero faz tudo um nada
Velas acendiam na mesa para terceiros
Bebidas eram degustadas por outros
O gosto do término é azedo
O seu perfume é de dias sem banho
A consciência me pede para ficar longe
Dessa não consolidada empreitada
Que não construiu uma vida a dois
Sem você tudo virou apenas
E o nada,
Apenas lembrança.

André Alves

Amar!




Lúcinha Santos





Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florisbela Espanca

Ilusão




Claudio Caldas Faria





Dizes que sou feliz. Não mentes. Dizes
Tudo que sentes. A infelicidade
Parece às vezes com a felicidade
E os infelizes mostram ser felizes!

Assim, em Tebas - a tumbal cidade,
A múmia de um herói do tempo de Ísis,
Ostenta ainda as mesmas cicatrizes
Que eternizaram sua heroicidade!

Quem vê o herói, inda com o braço altivo, 
Diz que ele não morreu, diz que ele é vivo, 
E, persuadido fica do que diz...

Bem como tu, que nessa crença infinda
Feliz me viste no Passado, e ainda
Te persuades de que sou feliz!

Augusto dos Anjos

Eros e Psique





Jose Carlos Ribeiro





A falta de contemplação do Homem vil
Enraiveceu Afrodite, que clamou seu filho
Olhando a Terra, citou o perfil:
A beleza da mortal foi seu trilho.
Eros pegou suas flechas e obedeceu.
Eros olhou o Ser mais feio e escolheu.

Em Terra, Psique era admirada,
A mais amada, a mais bela.
Cada uma de suas irmãs, já casada,
E seu pai, preocupada com ela.
Psique, seu homem não encontrava,
Psique. Seu destino assustava.

Eros ofuscado com seu encanto
Conduziu Psique a um magnífico Castelo
Qual não era seu espanto
Porventura nem sabia se era Belo.
Eros, um capuz te cobria o rosto
Eros, amor cego, amor louco.

Psique, garantira jamais ver seu semblante,
Irmãs odiosas fizeram com que quebrasse promessa.
É noite, leva a luz. Capelo levanta hesitante
Distraída queimou-o, e o sono de Eros cessa.
Grita: O amor só sobrevive com confiança!
Saiu correndo. Findou com a aliança.

Psique destroçada, arrependida
Procura auxílio no templo de Afrodite.
- Quatro trabalhos para encontrares a saída!
(Tu, que meu filho feris-te)
Afrodite, sua beleza queria findar
Afrodite, desejava Psique desgastar.

Separar grãos, lã de ouro encontrar. Fácil, com auxílio.
Demandar água da nascente Esfinge
Presente na mais alta montanha. Ai que desafio!
Pedir beleza à maligna Perséfone, mas esta se cinge.
Psique desgastada decide ensaiar,
Pelo esforço que Afrodite lhe fez causar.

Cai em sono profundo…
Odioso, este seu mundo!

Eros curado e enamorado
Clama pelos afagos de sua amada
Percorre toda a Terra amedrontado
Ao ver sua Alma penada!
Beleza na caixa repôs
Amor etéreo expôs.

Zeus concedeu a união
Psique já não era mais mortal.
Eros pegou Psique pela mão.
Amor e Alma, união divinal.
Assim fosse toda e qualquer aliança
Haveria, entre os homens, mais esperança.

P.S  desconheço o autor..

Casa arrumada é assim:




Lúcinha Santos




Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.

Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.

Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas… Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida…

Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.

Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa sem festa.

E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança. Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.

Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto…
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.

A que está sempre pronta pros amigos, filhos…
Netos, pros vizinhos… E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente. Arrume a sua casa todos os dias…

Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela… E reconhecer nela o seu lugar.

Carlos Drummond de Andrade

Fresta


Maria Salete Ariozi





Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado
Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.

Fernando Pessoa

O Melhor Amigo


Angela Mendes




O melhor amigo,
nem sempre é o maior
nem o mais querido, .
isso às vezes descobrimos
quando a tempestade
vira nosso barco
ou quando a maldade
bate em nossa porta.

O melhor amigo
nem sempre é bonito
ou mais bem vestido,
às vezes é um mendigo
que passa por nós,
num momento de crise
e cujo sorriso,
não há quem não precise.

O melhor amigo,
nem sempre conhecemos
nem sempre mora perto,
quase nunca o vemos.
É a hora que diz,
que amigo é esse
o tamanho da dor,
diz se ele é o melhor

(Tere Penhabe)

Entre folhas secas





Angela Mendes



Observo as folhas caducas e ressequidas,
que se alojam aos meus pés,
impotentes na sua debilidade,
antes vibrantes, agora empalidecidas!
Esvoaçam na ténue brisa,
entrelaçam-se entre os meus dedos,
como borboletas esvoaçantes
em cores matizadas
que o tempo pintou!

Os meus pensamentos voam
colados nas folhas leves que se afastam de mim,
vagueiam por entre luares de magia,
levam a paz da minha alma
e as cores da paixão que me toma o coração.

Sentado entre as árvores despidas
de um Outono imaginado,
que se faz Primavera,
na minha vontade em ti,
sorrio-me imaginando os teus beijos,
feitos ausentes,
que virão nos perfumes da Primavera
e levarão este Outono da saudade,
para o horizonte das minhas memórias.

Sossego-me nesta bucólica imagem
de sereno pensar,
que me traz instantes vividos,
em dias de sorrisos solares
e noites de luares cantados.

José Carlos Moutinho

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