PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Descompasso


André Alves


No início era chama
Falávamos incansavelmente
Depois, o toque do celular inflamava
O ser se irritava
Parecia um bocado de paixão doente
Ao final enojava-me deitar na mesma cama
A voz vinha aos berros
Como se sua conversa fosse um aceno
De que o entulhado é demais
Foi-se o te amo
Em troca, um vazio
O afeto aos poucos perdia-se,
Na antessala mais ampla e imperfeita:
A da imaturidade
O correr dos dias preparou a saída
Que emboscada
Estive presa,
Refém
Do mesmo que imaginava
Estar enjaulado pelos meus afetos
Valeria aqui um palavrão
Que ódio me dá
Em emprestar-me a ele
Em prestar-me em ser isso:
Toda coração
A alma enlouquece
Fui paradeiro do errado
Que me mostrou a contradição
O desespero faz tudo um nada
Velas acendiam na mesa para terceiros
Bebidas eram degustadas por outros
O gosto do término é azedo
O seu perfume é de dias sem banho
A consciência me pede para ficar longe
Dessa não consolidada empreitada
Que não construiu uma vida a dois
Sem você tudo virou apenas
E o nada,
Apenas lembrança.

André Alves

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