PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

DESPEDIDA - PROSAS DO TEMA





Vania Vania Oliveira




Quando eu te conheci, tudo era diferente
O que aconteceu contigo?
O que aconteceu comigo?
O que aconteceu com a gente?

Onde foram parar aquelas longas risadas?
Aqueles abraços apaixonados?
Aqueles momentos romanticos?
Aqueles beijos roubados...

Se isso deixou de ser importante
Então não maltrata
Aquele que um dia te amou
Hoje não te faz mais falta

Por isso hoje eu me despeço
Hoje estarei triste e sozinho
Para que você possa achar
A felicidade em outros caminhos.

Jonas Correia

DESPEDIDA - PROSAS DO TEMA




Carmen Alice Ribeiro



"Sentimento puro me invadia,
Doce infância, tão longe do agora.
Você era tudo o que eu queria,
Emoção vivida em outrora.
Havia o toque sutil da inocência,
O desejo de estar sempre ao teu lado.
E revelar o coração apaixonado.

Mas a vida tão irônica, tão cruel
Nos guiou por caminhos diferentes.
E na dor daquela infância tão fiel
Te escondi no meu peito eternamente.
E depois de tanto tempo, tantos amores,
Algo inesperado aconteceu.

Resgatei a alegria esquecida
Quando do nada, você me apareceu.
Relembrando uma amizade tão bonita
Declarei aquele amor sempre velado.
Confessei minha saudade tão sofrida
E a alegria de te ter aqui do lado.

Sorridente, vi nos teus olhos, um brilho oculto
Teu sorriso tão sincero me falava,
Que na infância tão ingênua e tão perdida
Em silêncio ao meu lado, você me amava.

E agora, nova chance, outro momento.
Estamos frente a frente, a declarar…
Que é hora de esquecer nossos lamentos
E uma antiga história de amor recomeçar..." 

Gil Façanha

RECOMEÇO ... DESPEDIDA dos LAMENTOS e TRISTEZA!!!


ANGELA - Prosas do Tema = Despedida



Angela Mendes



ADEUS A QUEM AMEI

Aquele foi o último olhar...

nenhuma palavra precisou ser dita,
os lábios emudeceram
e a alma se esvaziou
de forma nunca antes descrita. 
Houve um silêncio tão grande...
somente uma lágrima triste rolou...
As mãos se entrelaçaram num último adeus,
numa despedida derradeira
e a dor ficou como companheira. 
Não haverá mais juras nem promessas,
simplesmente um deserto árido
no solo das recordações...
Uma declaração de amor
tatuada no recôndito do meu ser,
daquele momento de extrema dor
tirando-me a vontade de viver.
Quando alguém que se ama parte,
junto parte o nosso coração.
A metade que vai leva um pedaço da alma
e deixa a outra metade na escuridão,
buscando um bálsamo, desesperada,
num reencontro na última morada.
Ao despedir-me de ti, estava me despedindo
de mim mesma...
Eu estava contigo sepultada...
Ângela Mendes


(Poema dedicado a meu único e verdadeiro amor que já partiu para a eternidade.)

Mentir




Aníbal Bastos





Podes mentir à vontade
Que eu finjo que é verdade,
O que de ti estou a ouvir!
E para te dar mais critério,
Respondo de modo sério,
Ao que me estás a mentir!

Não te estou a censurar
E nem pretendo mudar,
A tua forma de agir!
Neste mundo velho e torto,
Apenas quem está morto,
É que não ousa mentir!

Uma mentira bem-feita,
É uma verdade perfeita,
Aos olhos de certa gente!
Que acusam de falsidade,
A quem usa de verdade
E até defende quem mente!

Quando se pretende subir
E altos cargos conseguir,
A mentira é preciosa!
Engana tudo e todos,
Com sorrisos e bons modos,
Que nem matreira raposa!

Existem sistemas usados,
Com mestria elaborados,
Para quem ao poder aspira!
Mostrando uma realidade,
Onde a mentira é verdade
E, a verdade é mentira!

Por isso não te arrependas,
Nem tão pouco se defendas,
Mente à vontade e sorri!
Mente a mim, mente a quem queiras,
Mas vê se arranjas maneiras,
De não mentires para ti!

A. Bastos (Júnior)

DESPEDIDA - PROSAS DO TEMA



Daisi Oliveira de Souza




Nectar

Ah! Vida!
Não quero me privar de suas surpresas,
permito que me leves feito folha solta ao vento,
fazendo minha travessia com contentamento.

Muitas chegadas,vislumbrando o novo,
absorvendo cada momento e movimento.
A partida é inevitável,
pois feito um um beija-flor não vivo em confinamento.

Sedenta pelo nectar de outros jardins.
sigo sem destino ricocheteada pelo sol 
com "minhas penas" iridicentes,
em constante chegada e despedida.

Contudo,
se o doce da flor levar em meu bico,
a volta é certa, 
para do seu nectar me embriagar.

(Daisi Oliveira de Souza)
16/02/2012

DESPEDIDA - PROSAS DO TEMA




Joaquim Rodrigues




Não saberei nunca
dizer adeus

... Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo

Mia Couto...

ANIBAL - Prosas do Tema = Despedida





Aníbal Bastos






Lágrimas de dor caídas,
Banham o rosto chorando!
Nas mãos o lenço a acenar,
Por entre gritos e ais,
Das esposas e dos pais,
Na hora da despedida!
E o barco faz-se ao mar,
Para regressar não sei quando!
Se quando houver regressar!

Mas na nossa despedida,
Não houve barco nem cais,
Nem sequer houve partida,
Apenas a dor vivida!
Do adeus para nunca mais!

E neste partir ficando,
Dissemos adeus sorrindo,
Numa mentira fingindo!
Mas a alma soluçando,
Não aceita a despedida
E pergunta à nossa vida:
- Para sempre, ou até quando?

A. Bastos (Júnior)


PATRICIA - Prosas do Tema = Despedida




Patricia Neme





Te deixo quadros, livros, cobertores,
- e o ciúme, sempre tão sem fundamento! -;
também cada panela... E “Os Três Tenores”...
- por fim, se esgota o veio do tormento -.

A casa... E esse jardim sempre sem flores...
- qual foi nosso viver: de amor isento!-;
os móveis – e quaisquer outros valores...
É tudo teu, sem queixas, sem lamento.

Comigo... Vão uns restos de esperança,
pedaços de um sonhar que não se cansa,
de acreditar que a vida não morreu.

Comigo, do existir, a liberdade,
e o alívio de não mais sentir saudade
de tudo quanto fui... E ainda sou eu!

- Patricia Neme -


SALETE - Prosas do Tema = Despedida




Maria Salete Ariozi




Enterram-se sonhos,
Aniquilam-se fantasias,
Nessa dor, tal qual a flor
Sem a água e o calor, sofre !

O sol escurece
O horizonte desaparece
O riso já não existe,
Que dor mais triste !

A inquietude cala-se,
A alma entristece-se,
O choro aparece,
As lágrimas lavam.

Momento do sofrer,
Do querer sem ter.
Nada pode ser 
Pior ou menor,
Que a dor do sofrer !

Essa dor faz-nos parar,
Tombar de Amor,
Quase morrer,
É imensa, e só aumenta
Tal qual uma tormenta.

Despedida é muito triste !
Não é amiga,
Não é querida,
Não é bem vinda,
Mas ela existe ... 
Maria Salete Ariozi

DESPEDIDA - PROSAS DO TEMA




Maria Salete Ariozi



Choro...
Mas as lágrimas já não escorrem mais...
Pois choro com a alma,
Pela a perda da presença...
Onde a esperança se despede,
Na partida de quem muito se amou;

Choro...
Pela dor de quem se perde...
Há quem muito ensinou...
A quem deixou como exemplo,
Uma lição de vida;

Choro...
Com coração que dói na sua batida,
Onde o seu som soa a saudade,
Onde mesmo nessa imensa dor,
Conseguiu fazer escorrer a ultima lágrima,
Ou quem sabe, a primeira de muitas...
Quando novamente recordar desse ente
Que marcou a esse coração que ainda bate;

Choro...
Sabendo que partiste...
Pelo o cumprimento de sua passagem,
Pelo o seu dever cumprido,
Onde registrou no seu caminho...
Onde aprendemos o valor da vida
E o seu segredo de quem sabe amar,
No qual essa lágrima conforta essa alma...
Com sua partida sem despedida.

Leny Borges

DESPEDIDA - PROSAS DO TEMA



Maria Salete Ariozi




Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos tão embrulhados na dor
que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’
propriamente dita. É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos
deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por
ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente…
E só então a gente poderá amar, de novo.

Martha Medeiros

Eu




Ereni Wink




Quero escrever versos,
Versos de amor, de ironia,
Quero preencher todos os espaços,
Desta folha vazia.

Quero, ao escrever,
Ser completamente livre,
Lembrar-me do que quis ter,
Mas que nunca tive.

Quero com estas tantas palavras,
Que escrevo sem encontrar fim
Encher além destas folhas brancas,
Os espaços imensos que há em mim.

Lembrar, esquecer
Dormir, acordar,
Desejar morrer,
E depois lamentar.

Senti a presença da solidão,
Ri as lágrimas que não chorei,
Agindo com o coração,
Sempre errei.

Escrevo partes do que sou,
E dedico-tas a ti,
Mas só eu o sei,
Não sairá daqui.

Todas as lágrimas foram enxutas,
Neste pedaço de papel, que agora é um pouco de mim,
As minhas palavras sentidas, doces ou brutas,
Assim como eu chegaram ao fim.

Inês Delgado, Lisboa.

É só hoje




Ereni Wink





Não tem importância, é só hoje;
Amanhã o Sol vai brilhar e aquecer,
Enquanto esta agonia de mim foje,
Prometo que não voltarei a entristecer.

Sim, é só hoje que cai neve.
Amanhã o Sol brilhará com fulgor
Iluminando nossas almas ao de leve
Como se fosse a abertura duma flor.

É só hoje, e vai passar depressa
Este frio danado que nos fere a alma.
Esperemos que o vento não se esqueça
De mudar para o quadrante da calma.

Hoje cai chuva, e bem grossa.
Amanhã soprará uma briza morna
Para compensar esta amargura bem nossa
Que este inverno bem malditos nos torna.

Sim! amanhã, amanhã será o dia
Em que o Sol vai brilhar e aquecer,
Suave, o perfume das flores irradia
Nestas encostas e vales, quando o Sol nascer.

Amanhã é o dia reservado ao Amor,
E a fragrância das flores confunde-se na maresia.
Amemo-nos pois, e com todo o ardor.
Que felizes seremos, sim amanhã é o Dia.

...EM QUE HAVERÁ MAIS CALOR...


Afonso Almondino da Silva -
 em Toronto no dia 3 de Março de 1988

Conclusão




Ereni Wink




As varandas já não têm vasos.
Os vasos já não têm flores.
As flores já não têm pétalas.
As pétalas já não têm cores.
As praias já não têm gente.
A gente já não tem esperança.
A esperança já não espera.
Quem espera já não alcança.
O sol já não tem brilho.
O brilho já não tem magia.
A magia já não tem ilusão.
A ilusão já não traz nostalgia.
A justiça já não tem seguidores,
Os seguidores já não têm razão,
A razão já não tem certeza,
A certeza já não é tida em consideração.
Os humanos já não têm amor.
O amor já não tem felicidade.
A felicidade já não tem orgulho.
O orgulho já não tem vaidade.


Inês Delgado, Lisboa.

Ai de quem ama


Fatima Pessoa



Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida

Amar é triste
O que é que existe?
O amor

Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade

Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus
Vinícius de Moraes

Tenho cabeça...


Fatima Pessoa



Tenho cabeça, coração e me respeito. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje, amanhã já me reinventei. Sou complexa, sou mistura. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me doo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. -

Clarice Lispector

Você faz parte daqui