PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Agora é Hoje



Guiomar Casas Novas



E o hoje é agora.
A hora, o momento
Este...
Presente...
Foi-se a madrugada
luz que precede 
o dia
que chega de rompante
num delírio!
Mais um dia---penso.
Apoio o rosto
na vidraça ainda húmida
bebo o frio agradável
que ficou.
E ouço em silêncio
a mão do vento
que inquieta
ainda não parou.
Eis-me igual a ela
reencarnada naquele sopro
numa ânsia irrequieta
de te ver chegar...
Espera longa que me enerva
e me endoida...
Este é o momento.
Aparece!
O hoje é agora.
E eu, na derradeira aragem,
olho e não te vejo...
E...tanto me apeteces... 

gui+++19 abril 2012+++
De: Guiomar Casas Novas

As duas flores



Angela Mendes




São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.


Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor

 (Castro Alves) 

Você linda flor




Jose Carlos Ribeiro





Você é a mais bela de todas as flores,
Que um dia apareceu na minha vida,
enche a minha cabeça de mil cores,
Mesmo quando em meu coração esta dorido.

Seu sorriso me dá felicidade,
Seu olhar é tão lindo,
Que faz bater mais forte o meu coração,
O seu charme me conquistou.

Eu amo o perfume do seu corpo,
Eu te amo loucamente,
E eu te amarei até á minha última hora,
Até meu último suspiro de vida,

Você sempre sera o amor
Que fez vacilar meu coração.

J.


E nem sequer


Maria Salete Ariozi





E nem sequer
Era primavera.
E disseste que margarida
Era amarelo e branco
E eu disse que branco era paz,
E disseste que amarelo era desespero.
... E dissemos quase juntos que margarida era então desespero,
cercado de paz por todos os lados.

Caio Fernando Abreu

O poema


Maria Salete Ariozi


O poema
caminhava
pela avenida
congestionada.

Seguia calmo
naquela manhã
ensolarada.
Brisa fresca
batendo no rosto,
mar azul,
água de coco,
jardins floridos.

Gentes,
entremeavam
num ir e vir
desnorteado.

Sereno;
acenou.
sorriu.
chorou.

Invisível...

Esbravejou,
irritou-se,
desnudou-se,
desistiu,
e já sem fôlego...

Inerte;
caiu.

Gentes,
ainda naquele
irritante
vir e ir
desenfreado.

Passavam.
Tropeçavam.
Desviavam,
e seguiam...

Ninguém
percebia...

Que ali,
ao risco de morte,
caído,
jaziam;
o poema,
de mãos dadas
com a última poesia
do dia 

-José Silveira-

Mas o amor termina




Maria Salete Ariozi


‎"Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. E dói também em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático."

Martha Medeiros

A luz que dança




Ereni Wink





Sobre campos verdes,
luz que dança,
o ritmo de bolero
ou mesmo
uma valsa.
Coisas tão antigas,
você pode até pensar
tão desinteressada
do meu sofrer.
Mas quando tudo parar de girar,
no acalanto da música,
no compasso da dança,
você virá
e a sua presença
há de iluminar o meu dia.
Quando você vem?

 Autoria: Warmien

O Despertar



Ereni Wink





Vivo em descontroladas lembranças... Perdi o domínio de mim!
Aprisionado no passado... Tenho medo... Não despertar o sono profundo!
Torpor... A eternidade aguarda... Pacientemente espera por minha chegada!
A toalha de linho branco... A vela de chama bruxuleante!
Sombras da taça dançando no linho fino... Vinho e pão... Água não!
A última ceia sobre a mesa... Comer de pé e depois deitar!
O chão... A terra gentilmente me acolherá em seu leito!
Sem suspiros... Não se ouvirá mais meu coração!
O grande silêncio embalará meu sono... Calmamente... Sem alardes!
Docemente viverei nos sonhos dos dias que vivi das antigas lembranças!
Apenas talvez... Retorne na memória dos que vivem!
Os que me amam... Trarão-me do passado pela mão!
E novamente sorrirei em sua companhia... Nas memórias... Nas lembranças de mim!
Contarão aos outros minhas histórias... Dos risos... Das lágrimas... Minhas tristezas!
Do que fui... Do que deixei de ser... Do que poderia ter sido!
O que fiz e o que deixei de fazer talvez faça parte da prosa!
Ao findar da festa retomarão aos seus afazeres e voltarei a entrar gentilmente na noite!
No silêncio da eternidade dormirei serenamente... Que outras lembranças... Despertem-me!

 Autoria: LUIZ ANTÔNIO DE LEMOS FALCÃO

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