PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Toadas




Aníbal Bastos





No palco da vida,
Sem luz na ribalta,
Procuro a perdida,
Vida que me falta,
No palco da vida!

Num céu sem estrelas;
Noites sem luar,
Estrelas mais belas,
Procuro encontrar,
Num céu sem estrelas!

Na era das luzes,
Das mentes brilhantes,
Carregam-se cruzes,
Dores lancinantes,
Na era das luzes!

Os sonhos mais belos,
Se os não estimarmos,
Serão pesadelos,
Quando recordarmos,
Os sonhos mais belos!

Mirando-me ao espelho,
Fico admirado,
Porque vejo um velho,
De olhar cansado,
Mirando-me ao espelho!

Pensando na vida,
Dos tempos de outrora,
Lembrança sentida,
Recordada agora,
Pensando na vida!

Missão cumprida,
Quem dera poder,
No final da vida,
Cada um dizer:
Missão cumprida.

In TOADAS “Versos Imperfeitos”

Deixa-me partir



Fátima Custódio




Deixa-me partir 
Para onde o entardecer 
Filtra a noite, 
No crepúsculo 
Tardio e melancólico. 

Deixa-me partir 
Nesta junção desmembrada 
Quando os silêncios 
Se desfazem 
Nos absurdos 

É louca esta vontade 
Com que quero traduzir 
A asfixia nesta tarde 
Quase a rasgar a noite 
E a partir ao entardecer 

Deixa-me partir... 

Voltarei na madrugada 
Tecida de folhas verdes 
E de sonhos renascidos 

Deixa-me partir... 

Albergam-me a noite nua 
E as naus de todo o meu mar 
Sinto a distância vazia 
Mas tão cheia e tão rasgada 

Quero partir e não posso... 

Fátima Custódio

Contraste




Aníbal Bastos




Não sei se te amo, ou se te odeio,
Nem se és a ventura, ou a desgraça,
Sei apenas que cada dia que passa,
Quanto mais de ti fujo, mais te anseio!

O teu olhar é um livro que folheio,
À procura dum sabor que satisfaça,
Mais que amargo vinho em doce taça,
Como amor com ódio em permeio!

Por vezes forças opostas atraídas,
Outras vezes semelhantes repelidas,
Misturadas do gosto com o não gosto!

É neste não te quero, quando quero,
Que naufrago nas ondas do desespero,
Entre frio gelado e fogo posto!

A. Bastos (Júnior)

Chuva



Fatima Pessoa




A noite chega
Raios riscam o céu
Num prenúncio de chuva
E um céu sem estrelas
E uma lua acanhada
Deixam a chuva cair
E como uma música
Como o vento
Lentamente...
Vem chuva
Noite adentro.

Fátima Pessoa

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