PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Saudade Incontrolável




Claudio Caldas Faria




Amigo como foi bom te encontrar!
- Há tempo que não lhe vejo!
Dá pra me fazer um ensejo?
- Amigo é amigo pra escutar.
Lembra daquela moça que lhe falei?
- Uma médica, ou quase isso?
Sim, me deixou em depressão profunda!
- Já sei: te deu um pé na b...
Nada disso, nem começamos nada.
- Como o que não começa se acaba?
É tudo meio complicado.
- Explique melhor, seja educado.
Tivemos um inicio meio que tumultuado.
- Entendi, começou já estando terminado.
Assim não vai dar pra conversar!
- A dor é só tua e não há de te faltar.
Diga-me uma coisa, como amigo?
- Pergunte, vou ver se consigo.
É comum quase morrer de saudade?
- Não, acho ser apenas uma fatalidade.
Tentei ficar quietinho no meu lugar.
- Vai dizer que não tentou nem ligar?
Fiz apenas uma ligação.
- E como ficou o coração?
Pulando que nem Saci-Pererê.
- E ligou apenas pra mais sofrer?
Não, ela me disse uma coisa.
- Deve ter te dado um belo dum corte.
Ela disse: “Sinto uma saudade tão forte”.
- E você respondeu o que?
Fiquei sem saber o que dizer
- Ficou mudo; é fazer o quê!
Liguei logo depois, pra poder reverter.
- E aí, como ficou tudo?
Perguntei a ela sobre a forte saudade
- E ela se desmanchou todinha?
Que nada amigo, disse que ia desligar,
- Na tua cara, sem nada falar?
Que estava na beira do mar.
- E aquela saudade de lascar?
Já havia mandado pra Iemanjá.

Do livro ECOS & REFLEXOS - Claudio Caldas Faria

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