Sonia Isotton
Eu não queria amar-te.
Foste tu o culpado por tudo o que aconteceu.
Foste tu, com os teus olhos, com a tua voz, e eu fui caindo cada vez mais fundo dentro desse poço escuro que és.
Tu sabias o que ia acontecer.
Tu soubeste desde o início.
Tu sabias que não havia água dentro de ti.
Tu sabias e deixaste-me cair.
Empurraste-me até ao limite da loucura.
E quando atingi o chão dentro de ti e me parti em pedaços que voaram em todas as direcções, gritaste-me, enraivecido.
Mas eu já não te ouvi.
Não te lembraste que eu era feita de vidro translúcido.
Não te lembraste que eras mortal.
Ruth Ministro
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