PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Preliminarmente




Orlando Costa Filho




Preliminarmente, que os ventos rentes
tragam a prumo os ouvidos do mar
com a devida altivez oceânica
ante as dores que ponho-me a cantar.

No entanto, meu canto é triste silêncio
a forma mais sublime e eloquente
eis que ao visar o cinza horizonte
lá estará o meu cantar contundente.

Suplico em vão ao Pai da Creação
seguro firme a mão da Mãe do Eterno,
como encontrar a quista sensatez
num mundo travestido de moderno?

Próximo à praça repleta de crianças
que trago no peito e faz-me amoroso
há um estranho no entanto que observo:
o eu-monstro que dorme e é criminoso.

Sinto tanto pavor quando desperta
mormente se eu não puder dominá-lo,
transformado em vulcão em erupção
devasto campos férteis e cultivados.

Só conhece a pedra
quem apedrejou e
foi apedrejado.
Portanto todos a conhecem
contudo, abençoados.

E a tábua da salvação?
depois de tanta omissão
e de tonta indiferença,
Pilatos lavou as mãos
mas pelo Príncipe da Luz
absolvido foi do alto da cruz.

Quanto aos meus pecados...
Êle já os perdoou
com gigantesca compaixão!
Mas eu, taciturna e inutilmente, 
confesso que ainda não.

ocf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui