O Destino de Dois Amores

André Alves

Numa noite quente

Eloquente

Ardente

Um sábado diferente

Fazia mais calor que outros

A boate e suas luzes abriam as pupilas

Arregalavam os olhos

Candidatos dispostos se expunham

Logo que entrei me foquei em alguém que fazia meu tipo

Bonito

Esbelto

Com cara de experiente

Sempre nos rastreando

Encarava-nos

Mostrávamos as caras um para o outro

A pessoa, mais corajosa, me chama

Como nossos olhos se paqueravam já fazia tempo

Fui

Assentamo-nos num sofá reservado

Não me lembro do intervalo entre a conversa e o primeiro beijo

Sei que gostei

Caloroso

Macio

A partir daquele momento não precisávamos predar mais ninguém

Nos encontramos

Afinal, pra que dois amores para um peito só?

E ele estava ali, perto, perfeito

As suas qualidades logo se mostraram, honestidade, disponibilidade

A cama foi boa

As conversas se arrastavam por horas como nossos corpos pelos lençóis

Propomos um namoro

Aos peitos desocupados só restava aceitar

Corajosos para primeiro encontro!

Sim, éramos namorados

Inteiramente dedicados um ao outro

“Meu amor”

É assim que o chamo

Cada vez mais quero repetir isso

Ganhei uma companhia 

Marco-o em mim

Deixo ser escrita 

Pintada

Expressada

A forma mais gostosa de gostar de alguém: amando.

Não têm formulas

A propósito, nem sabíamos

Que de dentro das nossas pupilas

Nasceria algo tão aberto

Intenso

Que ocupa os vazios

Com sabedoria

Jeito

Expressão

Que não dá condição ao coração de recuar

Agora somos uma unidade

Uma só mente

Não mentimos

Sentimos o que dentro palpita

Sobramo-nos na vazante dos nossos suores

Que pulam as pedras e chegam ao mar

Amar 

É isso que quero!

André Alves