PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Destilando a Saudade





Orlando Costa Filho



Caminho por alamedas margeadas
por acácias azaléias e tantas outras
de onde pendem segredos e milagres!

Nessas alamedas (tu não sabes!),
sinto firmemente tua mão na minha
enquanto deslizam aquáticas e brancas aves

no lago-espelho de variadas turmalinas e é máxima
a graça da mágica das cores das flores refletidas
a um só tempo cálidas, plácidas e válidas

pra que as ondas eletromagnéticas
revelem-se o meio natural de chegar a ti
e não me façam uma criatura cética.

O tempo flui, é rio sem calha sem margem
nele meu amor cresce demasiadamente
deixa submersa a dor plantada na vargem...

Saudades são sementes que os dentes dos dias
estalam trincam trituram e a língua da esperança
sente o doce disfarçado de amargo que o tempo destila!

ocf

Tela Almeida Júnior. Saudade, tela, 1899, Pinacoteca de SP

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