PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Aranha



Angela Mendes




Geralmente, em toda parte,
No ângulo mais sombrio
Dos recantos desprezados,
Vem a aranha e tece o fio.

Escura, silenciosa,
Atendendo ao próprio instinto,
Seja dia, seja noite,
Vai fazendo o labirinto.

Por manter o enorme enredo,
Insiste e nunca esmorece,
Condenar-se por si mesma
É seu único interesse.

Desdobrando movimentos
Nos impulsos insensatos,
Pratica perseguições,
Multiplica assassinatos.

Insetos despreocupados,
Na ilusão cariciosa,
Transformam-se em prisioneiros
Da pequena criminosa.

Satisfeita, a aranha escura.
Prossegue na horrenda lida,
Nos venenos que segrega
Traz a morte e suga a vida.

Mas um dia, o espanador,
Na luta material,
Vem e arranca essa infeliz
Das teias de horror do mal.

A aranha, porém, não cede,
Com teimosia e com arte,
Foge ao bem que se lhe fez,
E vai tecer noutra parte.

Quem medita na conduta
Dessa aranha renitente,
Encontra a cópia fiel
Da vida de muita gente.

A muitos presos do engano,
Deus envia a dor e as provas;
Mas, depois de liberdade,
Vão prender-se em redes novas.

Chico Xavier.
Ditado pelo Espírito Casemiro Cunha.


Em homenagem aos 10 anos da morte de Chico Xavier...

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