PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Violinos







Esta minha surdez enlouquece-me. Onde está a tua voz? Onde ficou o teu lamento? Jamais permitirei que oiças música sem som; sim, essa que escutas agora, peça única dum universo distante. Palavras acústicas, tecendo segmentos de sedução. Momentos imaginários sobrados dos violinos. Acorda um relâmpago de paz nos meus sentidos. Vibro. Desafino numa emoção incontida; num monólogo evasivo. Alou-te nos meus braços desertos. Firo-me nos penhascos e não te encontro. Inundas-me de sílabas controversas, nelas mergulho, afogo-me. Sinto o pulsar das cantatas fantasia; intensamente desperto num inquietar transcendente. Narro o sonho, nos limites demarcados da minha mente. Não brilhante. No acaso, pelas cordas onde os dedos fazem música. Não preciso de aplausos. Não os mereço, pois roubaram-me a razão. Podes ler-me na diagonal. Não me importo. Tudo passa. Violinos e flautas prendem-me aos acordes quentes deste chão de fogo. Prisão de palavras por inventar. Prendo-me nos teus olhos tristes. Sempre castanhos. E que tocam mais alto que todas as sinfonias de todos os violinos.

Fátima Custódio

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