PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Outra Ofélia



Ofelia T Cabaço Cabaço




Hoje, sinto-me profundamente angustiada, como a primeira Ofélia....talvez! Desta vez não foi só o Outono que mexeu comigo,foi talvez um Inverno verdadeiramente agressivo e frio.
A minha direcção não foi a mais direita, os meus dizeres não foram os mais corretos,( essa mania de expressar o meu sentir nem sempre me ajuda).....mas eu sei, sinto que não vou mudar, talvez porque decididamente não quero.
Qualquer dia vai ser o dia do meu funeral. Muitas coisas ficarão por dizer! Os lugares onde me aconchego a pensar, a sonhar, a viver um pouco, irão chorar baixinho!As folhas do limoeiro cairão uma a uma, desenhando uma manta verde no chão para que, eu me deite uma última vez! Os cactos esconder-se-ão na terra para que ninguém os oiça chorar! Os pássaros vão fazer silêncio, conciliando a ternura pelos filhotes com a falta de alguém que vai e não volta a pôr-lhes a mesa. No Natal, irão colocar nas vidraças da janela um ramo de abeto, em homenagem ao meu amor pelo nascimento do Salvador. O vento rodopiará no beiral da minha casa, chamará todas as pessoas para assistirem á missa do galo!
Na minha cama não vai estar ninguém! Na mesa da consoada vão colocar um poema e o menino jesus a sorrir. No primeiro ano após a minha morte a neve vai visitar os que eu amo, irá derreter todas as mágoas que ficaram, e, no seu lugar deixará uma hostia redonda, brilhante como simbolo do amor eterno. Eternas serão as pessoas que nesta vida fizeram felizes os outros!
E, lá do alto dos céus pedirei a Deus por todos!
No dia do meu funeral cairão montanhas de ramos de oliveira.

Ofélia Cabaço- 2011-09-21
Publicada por Ofelia Cabaço

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