Fátima Custódio
Inquieta, agarro estes sons que deslizam,
Lacunas de coração e os encantos que sobram,
Estendem-se encontros na minha face molhada,
Como porta aberta ao formato dos meus sonhos;
Visto teias douradas, enrolam-se como novelo,
A alma voa para longe como se a vida fosse farsa
Círculos de ilha fechada, onde descansa o medo,
Sem choros e sem rimas, paredes incendiadas;
Se eu falasse outra língua, nesta exaustão infinita,
Diria que sou escrava, das vestes feitas de teias,
O vermelho da vida, evapora-se pelos cantos,
Dilui-se na minha dança, nas teias do libertar...
Se vens dançar comigo, traz-me uma rosa de fogo
Traz-me um cálice cheio, que transborde de ternura
Traz-me os passos suaves, o toque das tuas mãos
Acende esta razão de me sentir prisioneira...
Se os passos não soam, danço sozinha na noite,
Nas manhãs escondidas, queimar de fogo intenso,
Morrem os meus desejos em cada vontade minha,
Teias de fogo escarlate, silente, brasa gritante...
Nascem os poentes, a noite acende as estrelas,
Um grito mora em mim, sou a memória do nada;
O mundo fica pequeno nas malhas rotas das teias.
Num instante levitar, separado dos meus passos…
Fátima Custódio
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