PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher!


Fátima Custódio




Sou mulher sempre que a solidão se instala com um rasgo entre as nuvens e um último sonho. Sou mulher quando me calo em frente ao espelho mudo. Envelheço. Numa terra perdida e num som descompassado, Sou mulher. Guardo na intimidade da minha memória uma paz negra que desagrega a luz. Sou mulher e sou a ficção de mim. Matriz de um querer desfeito. Sombra de outrora de um poço verde. Sou ilusão. Testemunha efémera e longínqua de um trovão desenhado por um deus sem nome. Sou mulher ferida nos meus doces cantos de menina. Vida precária nas mãos de uma harpa mentirosa. Sou mulher e uma sede que se instalou para lá de mim. Sem fontes por perto. Sinto em mim um punhal. Dói. Sou o sal da minha pele e dos meus olhos. Sou mulher. Sei amar. Sofro. A chave da vida não encaixa nas minhas mãos. Sou mulher. Adorno-me. Sem pérolas. Os meus olhos são janelas onde espraio a minha alma dorida e a terra que me pintou sabe que sou MULHER... 




Sei que é um poema triste. Que todos os homens saibam respeitar e dignificar as mulheres que encontram no caminho.

Fátima Custódio

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui