Fátima Custódio
Sou mulher sempre que a solidão se instala com um rasgo entre as nuvens e um último sonho. Sou mulher quando me calo em frente ao espelho mudo. Envelheço. Numa terra perdida e num som descompassado, Sou mulher. Guardo na intimidade da minha memória uma paz negra que desagrega a luz. Sou mulher e sou a ficção de mim. Matriz de um querer desfeito. Sombra de outrora de um poço verde. Sou ilusão. Testemunha efémera e longínqua de um trovão desenhado por um deus sem nome. Sou mulher ferida nos meus doces cantos de menina. Vida precária nas mãos de uma harpa mentirosa. Sou mulher e uma sede que se instalou para lá de mim. Sem fontes por perto. Sinto em mim um punhal. Dói. Sou o sal da minha pele e dos meus olhos. Sou mulher. Sei amar. Sofro. A chave da vida não encaixa nas minhas mãos. Sou mulher. Adorno-me. Sem pérolas. Os meus olhos são janelas onde espraio a minha alma dorida e a terra que me pintou sabe que sou MULHER...
Sei que é um poema triste. Que todos os homens saibam respeitar e dignificar as mulheres que encontram no caminho.
Fátima Custódio
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