PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Metade


Sandra Parizotto





“E que a força no medo que eu tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda ao invés de tristeza.
Que a mulher que eu amo seja prá sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, e a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corre por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso, e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste.
Que convivo comigo mesmo e se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso, que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, e a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria, prá me fazer aquietar o espírito.
E, que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, e a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar.
Porque é preciso simplicidade para fazer florescer.
Porque metade de mim é platéia, e a outra metade é canção.
E, que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é Amor, e a outra metade...também!”

Oswaldo Montenegro

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