Aníbal Bastos
Cantigas de maldizer,
Quando tem razão de ser,
Bendito seja quem canta!
Se lhes assiste a razão,
Força na entoação,
Nunca lhes doa a garganta!
Neste mundo de mentiras,
Onde há harpas e liras,
Em acordes de embalar!
Numa imensa saudade,
Demonstrando a vontade,
De ao passado regressar!
Vê-se para aí tanta gente,
Com um ar puro, inocente,
Mas chegando ao fim e ao cabo,
Para alcançar o que pretende,
Se for necessário vende,
A alma, ao próprio diabo!
Já vi disto e muito mais,
Nos diversos arraiais,
Do presente e do passado!
Gente a fazer chinfrim,
Hoje, dizendo sou assim!
E amanhã, fazendo assado!
Para não fugir à regra,
Há sempre uma ovelha negra,
Neste mundo velho e louco!
De Pedro – o Justiceiro,
A Bocage – o Putanheiro,
De ambos terei um pouco!
Tenho a língua afiada,
Como gume duma espada,
Mesmo escrevendo de amor!
Eu sempre tive este jeito,
Corto a torto e a direito,
Seja lá contra quem for!
A. Bastos (Júnior)
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