PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Cantigas de Maldizer




Aníbal Bastos





Cantigas de maldizer,
Quando tem razão de ser,
Bendito seja quem canta!
Se lhes assiste a razão,
Força na entoação,
Nunca lhes doa a garganta!

Neste mundo de mentiras,
Onde há harpas e liras,
Em acordes de embalar!
Numa imensa saudade,
Demonstrando a vontade,
De ao passado regressar!

Vê-se para aí tanta gente,
Com um ar puro, inocente,
Mas chegando ao fim e ao cabo,
Para alcançar o que pretende,
Se for necessário vende,
A alma, ao próprio diabo!

Já vi disto e muito mais,
Nos diversos arraiais,
Do presente e do passado!
Gente a fazer chinfrim,
Hoje, dizendo sou assim!
E amanhã, fazendo assado!

Para não fugir à regra,
Há sempre uma ovelha negra,
Neste mundo velho e louco!
De Pedro – o Justiceiro,
A Bocage – o Putanheiro,
De ambos terei um pouco!

Tenho a língua afiada,
Como gume duma espada,
Mesmo escrevendo de amor!
Eu sempre tive este jeito,
Corto a torto e a direito,
Seja lá contra quem for!

A. Bastos (Júnior)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui