PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sábado, 10 de março de 2012

Poesia do mar




Carmen Alice Ribeiro



O dia não é hora por hora. 
É dor por dor, 
o tempo não se dobra, 
não se gasta, 
mar, diz o mar, 
sem trégua, 
terra, diz a terra, 
o homem espera. 
E só 
seu sino 
está ali entre os outros 
guardando em seu vazio 
um silêncio implacável 
que se repartirá 
quando levante sua língua de metal 
onda após onda. 

De tantas coisas que tive, 
andando de joelhos pelo mundo, 
aqui, despido, 
não tenho mais que o duro meio-dia 
do mar, e um sino. 

Eles me dão sua voz para sofrer 
e sua advertência para deter-me. 
Isto acontece para todo o mundo, 
continua o espaço. 

E vive o mar. 

Existem os sinos. 

Pablo Neruda

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