PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sábado, 10 de março de 2012

O Meu Medo (Sátira)





Aníbal Bastos


Podem chamar-me de louco,
Por desvendar um segredo
Que é mesmo verdadeiro!
-Duas coisas tenho pouco:
-Uma, chama-se dinheiro!
E outra, chama-se medo!

Já voei no alto do céu,
Já andei no fundo do mar
E também, já fui à guerra
E o medo não apareceu!
Não sei o lugar da terra,
Onde o possa encontrar!

Quando estava a nascer:
- Dizem que vinha assim,
A modos com sinais de morte!
E o medo por assim me ver,
Temendo a mesma sorte,
Fugiu a sete pés de mim!

Mas há quem diga também
Que por ser noite de inverno,
Teve frio e quis ficar,
No ventre da minha mãe,
Em vez de vir habitar,
Neste pedaço de inferno!

Se alguém me quer pregar,
Um susto bem verdadeiro,
Tenha isto em atenção!
-Para não se enganar
Corra o mundo e então,
Traga-me o medo, primeiro!

A. Bastos (Júnior)

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