Aníbal Bastos
A 19 DE Março de 1949
Numa triste madrugada,
Duma noite de inverno,
Uma alma condenada,
Num corpo reencarnada!
Deu entrada no inferno!
Esse ser tão pequenino,
Adivinhando ao nascer,
Qual seria o seu viver,
Traçado pelo destino;
Antes preferiu morrer!
Em farrapos embrulhado,
Levaram-no ao padre-cura,
Para levar a benzedura
E poder ser enterrado,
Com direito a sepultura!
Diz o padre com bondade,
Depois de o ter benzido:
- Está o dever cumprido!
Pode morrer á vontade
Que tem o céu garantido!
Entre a vida e a morte,
Por algum tempo ficou,
Mas depois arrebitou;
Perdendo do céu o norte,
Este inferno aceitou!
Bem contra a sua vontade,
Com a revolta no peito,
Por ver chamar de perfeito,
O que era falsidade!
E à verdade um defeito!
Não aceitando o sistema,
Desta vida tão fingida;
Da mentira consentida,
Usa a espada do poema,
Para lutar por outra vida!
A. Bastos (Júnior)
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