Fátima Custódio
Deixa-me partir
Para onde o entardecer
Filtra a noite,
Num salpico
No crepúsculo
Tardio e malancólico.
Deixa-me partir
Nesta junção desmembrada
Quando os silêncios
Num salpico
Se desfazem
Nos absurdos
É louca esta vontade
Com que quero traduzir
Num salpico
A asfixia nesta tarde
Quase a rasgar a noite
E a partir ao entardecer
Deixa-me partir...
Voltarei na madrugada
Tecida de folhas verdes
E de sonhos renascidos
Deixa-me partir...
Albergam-me a noite nua
E as naus de todo o meu mar
Sinto a distância vazia
Mas tão cheia e tão rasgada
De salpicos!
Quero partir e não posso...
Fátima Custódio
Nenhum comentário:
Postar um comentário