Aníbal Bastos
SALPICOS
Uns salpicos de água fresca,
Sobre o rosto, ou a testa,
De quem sofre um fanico,
Acorda e até refresca;
Sendo por isso que presta,
Muitas vezes um salpico!
Uns salpicos de água-benta,
Que o padre-cura benzeu,
Por vezes dá resultado,
A quem de fé se alimenta:
Abre as portas do céu
E, retira o mau-olhado!
Uns salpicos de verdade,
Tendo por base a razão,
São os que fazem mais falta
Para limpar da sociedade,
Do hipócrita e do burlão
Abrindo os olhos à malta!
Uns salpicos de lucidez,
Caindo de vez em quando,
- Não digo todos os dias –
Mas trinta dias por mês,
Para mostrar o Sol brilhando,
Em vez de noites sombrias!
Uns salpicos de ventura,
Para afastar a desgraça,
Desta vida amargurada,
Pode evitar a loucura
Que ronda a nossa praça,
De miséria salpicada!
Para muitos os salpicos,
Deveriam ser usados,
Com toda a frontalidade,
Com o recheio dos penicos,
Para certos laureados,
Mostrar quem são na verdade!
A. Bastos (Júnior)
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