PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A lira que chora e é chama




Orlando Costa Filho



Sigo e extraio um a um
espinhos de rosas que colhi do tempo, cravados na face
como chuva que carreia pras sarjetas o pó da vida
tranquilamente sussurrando canções molhadas
_ açúcar menos mais sal diluídos n’água.

Sorrio e arranco uma a uma
flechas que indomáveis apaches me lançaram nimiamente
[contra o peito
ao longo das planícies e arizonas por que passei
não obstante, plantei meu rancho e nele
produziu-se muito amor...

Chorar o leite derramado?
Melhor ordenhar novas vacas, o tempo nos dá
o necessário tempo pra contemplar nossas arzolas arduamente
[plantadas.
Se parte de mim anda fendida & fudida por essas orlas,
outra sempre está há um passo do véu das cascatas...

Uma e outra, fundidas
totalizam o eu que rega as hortas descarrega as já mortas
serpentes que outrora, em caracóis, na moita, aguardavam sorridentes
[a hora do bote.
Se parte de mim se parte feito pau e guerreia nas hordas
outra, séssil & lira, é fadada a chorar e chamar-te nas cordas...

Chegará o momento
em que nossas epidermes se tocarão e logo nos enlaçaremos um
[ao outro,
como duas papoulas orvalhadas se voltam uma para a outra
numa manobra de brisa caprichosa. Permaneçamos assim,
[numa cópula campestre
sobejamente gloriosa!

ocf

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