Orlando Costa Filho
Sigo e extraio um a um
espinhos de rosas que colhi do tempo, cravados na face
como chuva que carreia pras sarjetas o pó da vida
tranquilamente sussurrando canções molhadas
_ açúcar menos mais sal diluídos n’água.
Sorrio e arranco uma a uma
flechas que indomáveis apaches me lançaram nimiamente
[contra o peito
ao longo das planícies e arizonas por que passei
não obstante, plantei meu rancho e nele
produziu-se muito amor...
Chorar o leite derramado?
Melhor ordenhar novas vacas, o tempo nos dá
o necessário tempo pra contemplar nossas arzolas arduamente
[plantadas.
Se parte de mim anda fendida & fudida por essas orlas,
outra sempre está há um passo do véu das cascatas...
Uma e outra, fundidas
totalizam o eu que rega as hortas descarrega as já mortas
serpentes que outrora, em caracóis, na moita, aguardavam sorridentes
[a hora do bote.
Se parte de mim se parte feito pau e guerreia nas hordas
outra, séssil & lira, é fadada a chorar e chamar-te nas cordas...
Chegará o momento
em que nossas epidermes se tocarão e logo nos enlaçaremos um
[ao outro,
como duas papoulas orvalhadas se voltam uma para a outra
numa manobra de brisa caprichosa. Permaneçamos assim,
[numa cópula campestre
sobejamente gloriosa!
ocf
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