Basilina Divina Pereira
BALADA
Acordei pensando em ti.
Talvez pelo sonho da noite
ou pela brisa suave que senti.
Teu rosto me olhava sorridente
e os olhos, feitos de nesgas do passado,
mergulharam na neblina do presente
que cobre a paisagem e o pensamento.
Só a fantasia resiste, como o pêndulo e a hora,
ilusão que vem em forma de alento.
É o que restou daquela madrugada,
do silêncio mergulhado na canção
e da lembrança de uma noite enluarada.
Mas o instante me recorda, meio triste,
que há o tempo de chegar e de partir
e assim como vieste, seguiste,
deixando no cântaro uma saudade ardida,
misto de dor e alegria, talvez melancolia,
como o porto depois da partida.
Mesmo sabendo que a canção é finda,
fica no rastro do sonho rasgado
o vestígio de uma balada linda.
Basilina Pereira
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