PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O rijo da vida


André Alves




Nasci da dor
Esta, uma palavra doída
Que me inferniza
Apropria-se do meu corpo negado
Venho de muitos meses, do reclamar
Surgi da falha da natureza
Mamãe era velha
Papai desorientado
Lugar propício para o sofrimento
Simples, deixo-me fundir a eles
Simplesmente vou
A culpa vem do existir
Mas uma vontade adulta me fez
Então não vim do nada!
Provocaram o meu andar, o meu falar
Tudo para não me deixar mais estranho
Rejeitado, sou filho de físicos cansados
Outras épocas me caberiam melhor
Dou-me ao desgosto
O gostoso fica onde?
Não aguardavam a criança
Afetuosa negação
Sou alguns de seus resquícios
De um homem passando dos 50 anos
E uma mulher chegando a eles
A memória de criança não me revela a dor do mundo
Mostra-me somente dois velhos cansados de mim
O insensível me rodeia
Meus medos se socorrem sozinhos
Não cumpri as leis da natureza
Sou um elo do improvável
Sou filho de mim mesmo
Sinto os detalhes dos seus cansaços
Como se eu fizesse algum esforço para suá-los.


André Alves

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