PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Guitarra




Aníbal Bastos





O teu corpo é uma guitarra
Que o meu corpo dedilha,
Fazendo soltar trinados,
Na saudade que se agarra,
À estrela que em nós brilha,
Na noite dos nossos fados!

As tuas cordas são veias,
Onde corre sangue ardente,
Em brasas de fogo a arder!
E nesse fogo que ateias,
Há dois corpos num somente,
Versos de amor a escrever!

Dos acordes mais suaves,
Aos acordes mais profundos,
Feitos com mãos de perícia
E num gesto sem entraves,
Vagueiam por novos mundos,
Nas asas duma carícia!

Guitarra e tocador,
Como dois corpos fundidos,
Emitindo seus trinados,
Cantando hinos de amor,
Fervilhando nos sentidos,
Pelos fadistas cantados!

Guitarra feita mulher,
Quem te souber dedilhar,
Com mestria nos seus dedos!
Serás fonte de prazer,
Fúria das ondas do mar,
Numa caixa de segredos!

Guitarra da minha vida,
O meu fado acompanhou,
Mas com acordes errados!
Pela má sina perseguida,
Deixou de trinar e ficou,
Abandonada nos fados!

A. Bastos (Júnior)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui