PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Faca Quente na Manteiga



Orlando Costa Filho




dentro do convento a madre, da ostra a pérola...
eu numa outra. adentro a manhã-madrepérola.
capturado por estranha quérquera
minha guitarra já não dispara rajadas de notas
de fora da escala, já era já era!
enfrento imensos batalhões de silêncios
zilhões de olhares de turfa da cor de silício
no bate rebate de naufrágios quimeras
encontro promessas equinócios solstícios...
enquanto olhas dizes mais que quando falas ao menos
teu sono de outonos é o múnus que tenho
razão pela qual sustento a caneta pros versos possíveis
dos enlaces prováveis em tempos sofríveis.
deves estar perguntando a ti mesma, honey:
“por que diabos troux’ele à tona tudo isso?”
são meras palavras que as mãos do silêncio cerziram
ressoaram entre as cordilheiras do meu pensamento
naquela exata noite em que esqueceste de ser mar
e o eu-areia dormiu de tonto esperar por tua língua.
hoje – como faca quente na manteiga - serei a boca da noite
cantarei rente ao mar melodias certeiras
colherei entre tuas pernas especialíssimo licor
por teus aconchegos estarei viajor por noites inteiras.

ocf

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