PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Farmacoterapia de Você




Ereni Wink




Você é o diazepan, me traz a calma.
Quando estou triste, faz-se imipramina,
antidepressivo que a dor espalma.
Haldol, se a louca paranóia chega e alucina.

Na tosse- pretexto ao silêncio- minha codeína sedante.
Ardendo em febre, ingiro o tylenol moderador,
transformando o exagêro do corpo escaldante
em um suave aconchego; de minha pele quente seu explendor.

Nos fastios de amor sorvo boa dose de cobalamina
a estimular o instinto enfraquecido.
Resfriado, anósmico, são as gotas de privina
que resgata um cheiro de canela conhecido.

Vindo a insânia da insônia roubar minhas energias;
duas colheres das de sopa com polivitamina são suficientes
na transmutação de "velhas posições" -estrategias...
Para trazer um sono cansado de sonhos indecentes.

O mundo gira, tudo em nós é hábito, é vício.
Ketamina no vinho, música no ar, ritual da taça.
Mistura com atropina envenena, provoca artifícios:
Taquicardiza, ruboriza, o tempo urge...a vida passa.
O cabelo embranquece nossa sensualidade.
Oxygen para travar a canescência.
Nootropil para não obstruir o desejo e a maldade
infiltrada na teratologia de nossa concuspicência.

Já nos preocupa o exagero, a despesa na farmácia.
Ficou onerosa a manutenção do desempenho:
Chá de alho, catuaba, placebo...tudo falácia!
Iatrogenia a resgatar forças que já não tenho!

Aguardo sempre um antibiótico de você, mas quando vencido.

Acaso a taquifilaxia permita a impotência da rotina,
não exagere a posologia do viagra conhecido.
Não deixe a frustração convulsionar-me em sua estricnina...


Amaury da Silva Rego, Rio de Janeiro,

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