PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Há dez quadras daqui (Orlando Costa Filho)



Orlando Costa Filho




Não me leves a mal
fim de tarde, já vou.
A nau está zarpando,
abrabrothersoul!

Não há lugar pra ti
nem é bom que tu vás,
Tu choras, cai safira
e eu... derramo aguarrás.

Há um quê no mar de ira,
o desejo por meu sal...
e as cinzas dos meus olhos
mancham roupas no varal.

Trago à mão uma estopa
encharcada de benzina,
e o que hoje é turbilhão
amanhã é brisa fina...

Dores nos porões
carnaval no convés
suicidas adernados
nos versos de través.

Na orgia dos pelicanos
tubarões redemoinhos,
não se engane, brothersoul
quem se fode é só peixinho!

A nau enterra a proa
na sequencia das vagas
nau-nariz que aspira
as cristas e divaga...

Lastro-dor no porão!
Luz de vela na cisterna!
Esperança nem ao menos
sinaliza com lanterna...

Nas cordilheiras de nuvens,
ribombam os trovões
e lâminas de saudades
amputam corações,

caem no horizonte...
Para lá mesmo que vou
resgatar todas as quimeras.
Abrabrothersoul!

Ocf
Castelo/ES, 31/8/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui