PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 26 de junho de 2012

No Campo





Claudio Caldas Faria





Tarde. Um arroio canta pela umbrosa
Estrada; as águas límpidas alvejam
Como cristais. Aragem suspirosa
Agita os roseirais que ali vicejam.

No Alto, entretanto, os astros rumorejam
Um presságio de noute luminosa
E ei-la que assoma - a louca Tenebrosa,
Branca, emergindo às trevas que a negrejam.

Chora a corrente múrmura, e, à dolente 
Unção da noute, as flores também choram 
Num chuveiro de pétalas, nitente,

Pendem e caem - os roseirais descoram
E elas boiam no pranto da corrente
Que as rosas, ao luar, chorando enfloram.

Augusto dos Anjos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui