Basilina Divina Pereira
FÁBULA DO AMOR
A rosa escolheu seu galho
no humano coração
queria encontrar o amor
e disfarçou-se em botão.
Numa manhã nebulosa
do cravo se aproximou
fez-se leve, linda e fácil
mas o outro nem notou.
Ansiosa e pensativa
a rosa não desistiu,
exalou todo o perfume
que o insensível não sentiu.
Foi então que lhe ocorreu
plantar seu sonho no chão
quem sabe sua boa sorte
brotaria no verão.
E assim fincou raízes
bem perto de um formigueiro
e antes que as flores surgissem
o inseto chegou primeiro.
Triste, ferida em sua dor,
não pensou em desistir:
-hei de conseguir amar,
mais vezes irei florir.
Mudou-se pra outro espaço,
mais aberto, à luz do sol,
e desabrochou em brisas,
botou isca em seu anzol.
Não é que um cravo vermelho
bem robusto e encrespado,
surgiu de um ramo franzino
e voltou-se pro seu lado.
A rosa toda tremida
nem ousou despetalar
e quando o vento soprou
viu o brilho em seu olhar.
Confusa, regou com lágrimas
a emoção de ter sonhado
da forma que imaginou
a ventura de ter amado.
Basilina Pereira
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