Aníbal Bastos
Eu sou aquilo que sou,
Somente e nada mais!
Se a tua mente criou,
Fantasias surreais,
Não sou eu que ali estou!
Não sou flor da Primavera
Que ontem desabrochou,
Viçosa à tua espera!
Sou o que dela restou,
Nas brumas duma quimera!
Existem quatro estações,
Pelo ano repartidas!
Tal como há frustrações,
Ao longo das nossas vidas,
Na sombra das ilusões!
Árvores de folhas caídas,
Chegado o fim do Outono,
Como esperanças perdidas,
Morre o sonho, ficam no sono,
Saudades adormecidas!
Quando o inverno é chegado,
Traz com ele chuva e vento,
De frio acompanhado!
Preenchendo o pensamento,
Com lembranças do passado!
Tive amores, vivi paixões,
Tristezas e alegrias!
Mas foram desilusões
Que deixaram nos meus dias,
Amargas recordações!
Nunca fui um ser perfeito,
Por isso semeei mágoas,
Por excesso e por defeito!
As que me deste, eu trago-as,
Guardadas dentro do peito!
Não me peças que eu não dou
O que de mim estás à espera!
E ao escrever, dizendo estou:
- Não sou flor da Primavera!
-Eu sou aquilo que sou!
A. Bastos (Júnior)
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