Carmen Alice Ribeiro
A Ingrid Jonker
as palavras
batem
com a cabeça
na realidade
tremem as mãos das palavras
e todos os seus rostos
ensangüentados
choram vermelho
as palavras
cortam
pulsos
por meio da literalidade
literalidade
que arde
aborta
e atira nas costas
de crianças mortas
literalidade
sem literatura
a palavra sorve álcool e vidro quebrado
a palavra é o último dente da agonia,
fome do justo
mordendo o ventre
que só pare
sem parar
a mesma África
o mesmo mundo
vasto mundo
a palavra está cansando
molhada…
mas não morre!
(e os loucos
nos asilos
batem o ponto
aspirando números
e se achando livres)
(Fabio Rocha)
Nenhum comentário:
Postar um comentário