PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

domingo, 16 de setembro de 2012

Aníbal Bastos - Foto = SEM ABRIGO




Aníbal Bastos
SEM ABRIGO




Vives na triste miséria
Onde há tantos miseráveis
Com uns sorrisos amáveis
Fingindo ser gente séria!

Saiu-te o sangue das veias 
E do teu corpo o suor,
Para manter barrigas cheias
De quem te mentiu melhor!

Que importa que passes fome
Nem teres nada neste mundo!
Não passas dum Zé sem nome
Por alcunha: o vagabundo!

Dormes debaixo da ponte,
Ou do vão duma escada,
Pior que um bicho do monte
Que tem a toca abrigada!

Nas ruas pedes esmola!
Já não passas dum mendigo,
Dos que não usam sacola!
És chamado: sem-abrigo!

A barba esconde-te o rosto,
Para ninguém te conhecer,
Ou apenas para esconder,
As marcas do teu desgosto!

Só te apontam os defeitos,
Sem desculpas e sem pausas!
Julgam-te pelos efeitos,
Esquecendo-se das causas!

Talvez um dia, quem sabe,
Noutro mundo diferente,
A tua miséria acabe,
E, comece para outra gente!

A. Bastos (Júnior)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui