PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Eu, Por Mim


Orlando Costa Filho




ele é a moringa e é a fonte
de onde descem águas de muito longe
como a sede, vem de eras ancestrais...

tem um jeito de ser
um jeito de estar
- é o jeito do seu jeito

é desigual, apesar das semelhanças
é semelhante, apesar das diferenças
contudo, cada um é único na mesma dança

singra ruas avenidas
singe as multidões
desafia o que lhe sangra o coração

solfeja melodias
se alimenta de poesia
sua alcova é a solidão

gracioso e serelepe
perde o fôlego em Drummond
se vê n’O Lobo da Estepe

em noites litorâneas, mete a cara na farra
no frio das montanhas dorme genuíno
à tarde sem alarde vai de capuccino

escreve versos obedientes: métrica, rimas e ritmo
encontra-os no mar no ar no bosque
e às vezes ao espelho vê um Bukowski

pula da janela feito fênix
sob olhares tantos e tontos
avoa em Little Wing um som do Hendrix

some nights and days
impressiona-o o McCartney
apaixonado, enternecido fica;

noutras, porém, traz consigo tanto afeto
que em contraponto com o mundo abjeto
se consola junto ao Lennon

ele é torto sem margem
está sempre à margem - um pária
em atitude involuntária sinuoso

do amor por mulheres - o gênero – não conhece
apenas uma espécie – a do quando
a do eterno – não entende - arrefece...

ri e dança qual criança
seu olhar traz um quê d'esperança
e um dos gumes de um punhal

prefere o repúdio à indiferença, ainda assim
quer abrigar-se em seu abraço
mais baunilha menos agre – é doce...
doce feito aço

ocf

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