Orlando Costa Filho
se cândido portinari tivesse pintado
a tela “despedida do orlando” à tarde teria dado
o tom das 6 do outono
meia dúzia me aplaudiriam quando em cinzas
eu fosse lançado de uma caixa - pequeno baú
tipo suvenir - por meus filhos
aproveitando o retorno de uma onda-renda
à cambraia verde-azul do mar...
à direita dos meus filhos entre sorrisos e algum espanto
de calças arregaçadas e os pés à mercê das ondas
com seus violões e suas gaitas amigos entoariam
all you need is love – por que não? -
the long and winding road & hello goodbye.
uma neta, ao por do sol, recitaria um poema do vô.
junto aos filhos, com plácida e vitoriosa expressão facial
feito planície sob neblina, olhos de ágata num mar de abril,
minha mulher, eternamente Ma Belle!
o neto mais novo agarrado à sua mão
os pés nus, na areia
usando um vestido branco
molhado por solidárias ondas
tornando vislumbráveis as pernas
entre as quais fui acolhido com o amor
jamais visto igual no mundo
e de onde tantas vezes partimos
em missão de paz pra marte
pras luas de júpiter
pros anéis de saturno...
atento ao meio ambiente, alguém recolheria
as garrafas de vinho e latas de cerveja
vazias espalhadas pela praia: a da areia preta,
a grandiosa embaixatriz de guarapari
sob cujo manto azul a orná-la me perderia entre
pedras crustáceos peixes segredos mistérios...
a partir deste dia retratado por portinari com as cores
da vida do amor da generosidade da esperança
vez por outra viria dos confins das mais altas e longínquas
[noites
transitar pela sala e quartos deixando beijos
de paz e amor nas faces da minha mulher filhos netos
todos felizes por entendermos parte a parte o filme
sem fim do absolutamente eterno e depois
aproveitaria pra arriscar uns versos passeando pela orla
orlando,
simples e tranquilamente...
ocf
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