Fátima Custódio
Entre as nuvens incolores há um cavalo que voa
Um cavalo sonhador, dormindo em cama de espuma
O medo rouba-lhe as lágrimas, a fome lhe dói o nome
Dentro dele tem o tempo, os minutos que se escorrem
Nesse coração sentido, nesse cavalo a galope...
Ou num trote de evasão, ou silêncio imortal...
Vive do sangue quente, do mesmo vento que toca,
O mesmo sal das salinas, agreste, queimando os olhos
E, os meus olhos, alquimia, cavalos no céu de fogo...
A mesma brisa sulcamos, sonhos não prometidos,...
Oiço um pássaro, já é tarde...já nem são horas...
De escutar de qualquer canto...a melodia...
Num sopro talhado ao vento, solto os ais que me doem
Deixo as paredes escutar, aquilo que ninguém pinta,
Não falo da terra, nem da vida, nem da pesada pena,
De todos os versos rasgados que atirei pela janela...
Falo da dança guerreira, e os meus dedos não param
Sem freio, sem trela, relinchando sem paragem...
Trotando pela cidade, pelas ruas e vielas....
Um cavalo indomável...fugindo das minhas letras...
Hoje não tenho sonhos, mas escrevo este cavalo...
De fogo, vermelho e quente...em forma de coração,
Cinzas da noite a galope, risco no céu de prata...
Esqueci a voz do tempo, quando o cavalo sonhou...
Fátima Custódio
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